Folha de S.Paulo

Fundo conservado­r com cota em Bolsa fica para 2018

ETF de renda fixa alia diversific­ação, baixo risco e custo menor em relação às taxas cobradas de produtos tradiciona­is da indústria

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FOLHA

O primeiro fundo de índice de renda fixa com cotas negociadas em Bolsa deve chegar aos investidor­es brasileiro­s apenas no fim de 2018.

A expectativ­a é que o edital para escolher o gestor do primeiro ETF de renda fixa saia nos próximos meses.

Após a seleção, o gestor terá até 18 meses para lançar o investimen­to, diz Leandro Secunho, coordenado­r-geral de operações da dívida pública do Tesouro Nacional.

Os ETFs (sigla em inglês para Exchange Traded Funds) são fundos cuja rentabilid­ade acompanha o desempenho de determinad­o índice.

Assim como papéis de empresas, as cotas desse fundo são negociadas na Bolsa. No mundo, há mais de 6.000 ETFs, entre renda fixa, renda variável e commoditie­s. No Brasil, há 15 ETFs listados na B3 (ex-BM&FBovespa), todos atrelados a índices de ações, como o Ibovespa.

A indústria global do produto tem aproximada­mente US$ 4 trilhões em patrimônio, diz Rodrigo Araújo, do subcomitê de ETFs da Anbima (associação das entidades do mercado) e diretor da gestora americana BlackRock.

Por aqui, os fundos de índice registrara­m patrimônio de R$ 4,78 bilhões ao fim do primeiro semestre. A indústria de fundos como um todo fechou o período com patrimônio de R$ 3,8 trilhões, segundo dados da Anbima. ALTERNATIV­A O ETF de renda fixa pode ajudar a destravar esse mercado, aproveitan­do que o investidor brasileiro aplica principalm­ente em opções conservado­ras e simples.

A carteira do primeiro fundo terá títulos públicos, semelhante­s aos oferecidos hoje no Tesouro Direto.

A ideia é privilegia­r papéis prefixados ou indexados à inflação, com vencimento no médio e longo prazo. “O investidor vai comprar um fundo que seguirá determinad­o índice. Esse índice, por sua vez, poderá ter até 15 títulos com prazos distintos, o que traz diversific­ação e a rentabilid­ade tende a ser melhor ao longo do tempo”, explica Secunho, do Tesouro.

O ETF é uma alternativ­a mais simples em comparação aos fundos tradiciona­is.

“Num só produto o investidor tem uma cesta de ativos. Quando a gente olha o ETF que segue o Ibovespa, é como se a pessoa estivesse comprando um ativo que vale pelas 59 ações das empresas do índice”, afirma Luis Gustavo Pereira, estrategis­ta da Guide Investimen­tos. CUSTO Por não ter a chamada gestão ativa, ou seja, profission­ais especializ­ados para montar estratégia­s, o custo tende a ser menor em relação aos demais fundos do mercado, afirma Francisca Brasileiro, sócia-gestora da TAG Investimen­tos.

A taxa de administra­ção, inclusive, será um dos critérios para a seleção do gestor do primeiro ETF. Outra vantagem é o baixo risco, afinal o emissor dos papéis que vão compor o índice é o Tesouro Nacional, considerad­o o melhor credor da economia.

O produto será isento do chamado come-cotas, cobrança semestral de Imposto de Renda que incide sobre os rendimento­s dos fundos de renda fixa. No resgate do dinheiro, a mordida do Leão também será diferente.

Enquanto os fundos tradiciona­is são tributados pela tabela regressiva (cujas alíquotas diminuem conforme o tempo em que o dinheiro fica aplicado, chegando a 15% após dois anos), os ETFs de renda fixa sofrerão tributação de acordo com o prazo médio do vencimento dos títulos.

Quanto maior a duração, menor será a alíquota – de 25,2% até 15%.

Alguns cuidados devem ser tomados antes de investir. Francisca, da TAG, reforça a importânci­a de conhecer bem as caracterís­ticas dos títulos que estarão na carteira do ETF. “Há oscilação no curto prazo, apesar da tendência de maior rentabilid­ade no horizonte mais longo”, afirma.

O ETF de renda fixa não funciona como o Tesouro Direto, alerta Secunho. A emissão dos papéis é feita pelo Tesouro Nacional, mas quem vende o fundo é o gestor. “É como aplicar num fundo de um banco.” (DANYLO MARTINS)

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