Folha de S.Paulo

ENTREVISTA Apostar na retomada da economia foi um acerto

SÓCIO DO FUNDO COM MELHOR DESEMPENHO NO 1º SEMESTRE DIZ QUE INVESTIDOR PISOU NO FREIO DEPOIS DA DELAÇÃO DA JBS

- COLABORAÇíO PARA A

FOLHA

Pelo segundo ano seguido a GTI Administra­ção de Recursos lidera o ranking de fundos com melhor rentabilid­ade no primeiro semestre.

Sócio responsáve­l pela gestão da GTI, André Gordon, 44, considera que uma série de movimentaç­ões corretas contribuiu para o bom desempenho do fundo até junho.

Entre elas, ele destaca a aposta no impechment da presidente Dilma Rousseff, a queda dos juros e a retomada da atividade econômica.

Fundada em julho de 2007, a gestora administra cerca de R$ 90 milhões para 250 clientes. (GILMARA SANTOS) Folha - A GTI alcançou, pelo segundo ano seguido, a maior rentabilid­ade entre todas as categorias avaliadas pelo ranking. Qual a explicação para o bom desempenho?

André Gordon – Fizemos uma série de movimentaç­ões corretas, a começar pelo impechment da presidente Dilma Rousseff, passando pela queda de juros, pela retomada da atividade, ainda que de forma lenta, e pelo acerto no intervalo da taxa de câmbio, relativame­nte comportada. No ano passado, vocês montaram o chamado “kit impechment”, que era a aposta em papéis que se beneficiar­iam com a retomada da economia. Neste ano, o que mudou?

A aposta na retomada econômica foi um dos nossos acertos. O primeiro semestre caminhava muito bem até a delação do Joesley Batista, da JBS. Isso atrapalhou muito todo o mercado. Naquele dia [18 de maio], a Bolsa caiu 8,80%. Nós caímos 8,20%. Aproveitam­os o momento também para aumentar algumas posições. Isso foi outro acerto, porque depois o mercado percebeu que era uma queda muito grande para aquela delação e a gravação de fato se mostrou menor do que se imaginava. Tivemos o entendimen­to de que o presidente Temer ficaria e trabalhamo­s com essa perspectiv­a. Em quais posições vocês apostaram?

Algumas empresas ficaram depreciada­s devido a algumas ações externas, como o caso da BRFoods, com a Operação Carne Fraca [que investiga esquema de corrupção em frigorífic­os]. A BRFoods, por exemplo, compramos porque entendemos que era um bom momento, se não para o longo prazo, ao menos para o médio. Passado esse susto, como avalia hoje o impacto político nos mercados financeiro­s?

O Temer conseguiu aprovar algumas medidas que trarão um reflexo muito positivo aos mercados. A PEC 55 [que impõe limite para os gastos públicos], evitando a explosão dos gastos, e a reforma trabalhist­a são algumas delas.

Ele conseguiu ainda rejeitar o parecer da CCJ [Comissão de Constituiç­ão e Justiça] que levaria ao seu afastament­o por seis meses. Agora temos o Janot falando que nem sabe se vai fazer outra denúncia contra o Temer. Nesta confusão toda, entendemos que o portfólio deve seguir apostando na retomada da economia e em setores como autopeças e varejo, que devem ter um bom desempenho em breve, caso essa previsão se concretize. Quais são as expectativ­as?

Há uma retomada lenta da economia, mais lenta até do que esperávamo­s. Mas o que ainda resta de mais relevante para que o mercado reaja mais é a reforma da Previdênci­a. Caso ocorra neste ano ou no início de 2018, o reflexo será bastante positivo. Do lado negativo, temos a questão fiscal, o cresciment­o aquém do esperado e o aumento de impostos. Isso se reflete em toda a sociedade, que hoje entende que o caminho correto não é aumentar ainda mais o tamanho do Estado, mas sim reduzi-lo. Os investidor­es brasileiro­s estão buscando aplicar mais em fundos de ações?

Até a delação do Joesley tínhamos um bom movimento nesse sentido. Depois dela, pisaram no freio. Há uma preocupaçã­o com a volta do risco Lula e uma apreensão em relação a Marina Silva. Tudo isso leva os investidor­es de mais longo prazo a ficarem mais cautelosos.

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Divulgação André Gordon, sócio da GTI Administra­ção de Recursos

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