Mato Grosso colhe produção recorde de algodão e prepara expansão para 720 mil hectares de área plantada
FOLHA,
Cada tonelada de algodão colhida na lavoura rende, em média, 950 quilos de produto beneficiado para a indústria. Um quilo desse material é suficiente para fabricar um tecido de 4 metros por 1,40 metro de largura de uma variedade de espessura intermediária, como o brim.
Na safra 2016/17, produtores rurais de Mato Grosso estimam colher 999,8 mil toneladas, recorde que superará em cem mil toneladas o resultado da colheita anterior.
Convertida em metros de tecido, somente essa diferença seria suficiente para produzir um tapete que, esticado, superaria com sobras os 384 mil quilômetros de distância entre a Terra e a Lua.
Líder nacional em lavouras de soja e milho e detentor do maior rebanho bovino, o Estado é também o maior produtor da pluma, respondendo por dois terços de todo o algodão colhido no país.
Um cenário que poucos poderiam antever há 20 anos, quando foi fundada a Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão). À época, a produção do Estado não atingia 5% do volume atual, em uma área plantada de 55 mil hectares.
“Nesta safra, plantamos 620 mil hectares. Na próxima, a estimativa é que chegaremos a 720 mil hectares. Mas o importante é que estamos preparando o Estado: se houver demanda para um milhão de hectares, será só virar a chave”, afirma o gaúcho Alexandre Pedro Schenkel, presidente da associação.
A preparação mencionada por Schenkel envolve um investimento pesado e permanente em pesquisa, o plantio em rotatividade de culturas com a soja e o milho, tecnologia e, importante, uma sintonia cada vez mais fina com o mercado externo.
Na semana passada, um grupo de 14 representantes da indústria, vindos de grandes países compradores como China, Bangladesh, Paquistão e Turquia, visitou lavouras, laboratórios de pesquisa e cooperativas de produtores do Estado. SEGURANÇA Além de aspectos como a qualidade da fibra do algodão, em especial em termos de uniformidade, os emissários buscavam segurança para firmar contratos em prazos e quantidades maiores.
“Esse pessoal veio dizer o seguinte: até quanto podemos contar com vocês caso haja necessidade de um aumento de produção? Respondemos que plantamos milhões de hectares de soja em Mato Grosso e podemos aumentar, sim, nossa parcela com algodão”, relata o secretário-executivo da entidade, Décio Tocantins.
A produção recorde deste ano foi, em parte, resultado da percepção de que haveria aumento na demanda internacional. O ganho maior, porém, foi em produtividade, já que não houve aumento significativo da área plantada (passou de 612 mil hectares para 628 mil hectares).
O clima contribuiu. Entre os produtores, é unânime a avaliação de que as chuvas vieram e partiram na hora certa. Em um cenário de produção no qual 88% dos algodoeiros são cultivados como segunda safra de soja, essa precisão é crucial.
“Você tem aquela janela ideal que vai até janeiro e precisa plantar dentro dela. Para isso, tem que plantar a soja mais cedo para colher no final de dezembro e início de