Folha de S.Paulo

Disputa no TCU barra licitação para biometria na Caixa

Sem a tecnologia, banco tem custos anuais de R$ 150 milhões e fica atrás das outras grandes instituiçõ­es

- REYNALDO TUROLLO JR. MARIANA CARNEIRO Saques efetuados PESSOAS

Empresa japonesa venceu pregão, mas questionam­ento de edital por concorrent­e levou disputa ao TCU

Uma disputa no TCU (Tribunal de Contas da União) emperrou uma licitação da Caixa Econômica Federal para adquirir 11 mil kits de equipament­os para cadastrame­nto biométrico de clientes. Segundo o banco, a aquisição evitaria gastos e perdas de R$ 150 milhões por ano —ou cerca de R$ 410 mil por dia.

Conforme a área técnica da Caixa, o cadastrame­nto biométrico evitaria custos anuais de R$ 76 milhões com serviços de prova de vida (para beneficiár­ios da Previdênci­a), R$ 20 milhões com recadastra­mento de beneficiár­ios de seguro desemprego e Bolsa Família e prejuízos de R$ 54 milhões por ano com fraudes.

Esses R$ 54 milhões representa­m, segundo a estimativa do banco, 10% do total do prejuízo com fraudes (eletrônica­s e documentai­s), tendo como base o ano de 2015. Dentre os maiores bancos do país, diz a Caixa, ela é o único sem biometria em agências.

Caixas eletrônico­s da Caixa têm leitores biométrico­s, mas o número de cadastros armazenado­s com informaçõe­s de clientes é restrito. O banco não tem equipament­os de coleta. Sua base de dados vem de parceria de 2011 com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que recolheu impressões digitais de eleitores.

A licitação visava resolver o problema e estender o cadastrame­nto a todos os clientes da Caixa nas agências. DISPUTA O pregão eletrônico da Caixa foi vencido em novembro passado pela multinacio­nal japonesa OKI Brasil, que cobrou o menor preço, R$ 55,8 milhões, para oferecer equipament­os de coleta e softwares de leitura de impressões digitais por 12 meses.

Outra empresa interessad­a no negócio, a Certisign, acionou o TCU em janeiro contra aspectos técnicos do edital, como a exigência de um tipo de certificaç­ão, chamado Minex 3, que para ela teria restringid­o a disputa.

Ao TCU os técnicos da Caixa defenderam o edital, afirmando que as exigências estavam de acordo com as melhores práticas de mercado.

Em abril, o ministro José Mucio, relator do caso no TCU, suspendeu temporaria­mente a assinatura do contrato até que o plenário decidisse em caráter definitivo.

A direção da Caixa, porém, se antecipou e anulou de vez a licitação para abrir uma nova, sob a justificat­iva de que a implantaçã­o da biometria atrasaria indefinida­mente.

Agora, a empresa vencedora pediu ao TCU para reverter a decisão da Caixa de anular o certame, pois o tribunal ainda não decidiu sobre sua legalidade. A OKI argumentou ainda que um novo pregão vai demorar e ampliar perdas do banco sem a biometria. O Tribunal de Contas diz que não há prazo para decidir. OUTROS BANCOS A biometria foi implantada pelo Bradesco em 2006 e pelo Banco do Brasil em 2012.Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o setor investiu R$ 18,6 bilhões em tecnologia em 2016 —menos de 1% em biometria, incorporad­a na maioria dos bancos.

O que mais recebe atenção hoje é a tecnologia “blockchain”, espécie de livro de registros global em que as operações não podem ser apagadas e que permitiu a criação da moeda virtual bitcoin. Quem teve problemas porque o empregador não deu baixa na carteira precisa levar o termo de rescisão do contrato de trabalho até esta segunda-feira. Se o problema for na Caixa, o trabalhado­r poderá receber depois do prazo se fizer o pedido até hoje QUANTO FOI SACADO Até 19 de julho Em milhões

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil