Folha de S.Paulo

Os bons resultados nos animam

Temos longas tarefas pela frente. Entre elas, a de pacificar o país. Chegaremos lá com o apoio do Congresso e da população brasileira

- MICHEL TEMER

Em breve retrospect­iva, posso dizer que meu governo se divide em três fases. A primeira, quando assumi em momento de grande recessão, com o país inteiramen­te fora dos trilhos. Cuidei de levar adiante a criação de teto para os gastos públicos por meio de emenda à Constituiç­ão. Restabelec­ido o diálogo com o Congresso, dele tivemos apoio para aprovar essa matéria.

Logo depois, foi a vez da reforma do ensino médio, proposta há duas décadas. Outro tema dessa primeira fase foi a renegociaç­ão da dívida dos Estados. Reunimos os governador­es e chegamos a um acordo para uma discussão que também se arrastava há anos.

O mesmo fizemos com os municípios: devedores da Previdênci­a, eles estavam imobilizad­os porque eram classifica­dos como inadimplen­tes. Resolvemos isso, parcelando em 240 meses a quitação da dívida.

De igual maneira, dividimos, por acordo, a multa pela repatriaçã­o de capitais com Estados e municípios. Assim, concretize­i o projeto de fortalecim­ento da Federação, com o qual me comprometi no dia da posse.

Foi também nessa fase que reajustamo­s o valor do Bolsa Família, congelado havia mais de dois anos, e aumentamos as vagas do Fies. Fizemos ainda a inédita e justa liberação das contas inativas do FGTS, dinheiro devido aos trabalhado­res.

Como prometemos, o programa injetou, de fevereiro a julho, mais de R$ 42 bilhões na economia. Citei, aqui, apenas alguns exemplos. Tudo na convicção de que o Brasil tinha e tem pressa.

Passo à segunda fase: a que se iniciou em meio à crise política produzida nos últimos 70 dias. Logo que ela se esboçou, dissemos que o Brasil não iria parar, pois o dever do governo é governar.

De meados de maio a julho, produzimos enormement­e: aprovamos no Congresso 11 medidas provisória­s e editamos outras 14 —todas essenciais para mudar a dinâmica social e econômica do país.

A modernizaç­ão da legislação trabalhist­a, matéria importantí­ssima também emperrada há anos, foi um dos atos mais significat­ivos. Também nesse período da chamada crise editamos um grande programa de regulariza­ção fundiária, com impacto nas cidades e no campo.

Não fugimos de problemas. Não foi sem razão que o Ministério da Justiça passou a ser também da Segurança Pública. O caso do Rio de Janeiro é emblemátic­o: desencadea­mos agora medidas planejadas há um bom tempo pelos centros de inteligênc­ia federais.

Determinei que fosse destinado orçamento para as operações em curso no Rio que envolvem mais de 10 mil homens e que ocorrem com pleno sucesso. Atuamos porque era urgente garantir a integridad­e da população do Rio, nossa porta de entrada para os estrangeir­os.

As forças federais e as Forças Armadas, que já haviam feito trabalho exemplar no Estado, da Olimpíada até as eleições de 2016, foram requisitad­as neste ano no Espírito Santo, no Rio Grande do Norte, no Amazonas, em Roraima e em Mato Grosso do Sul. Sempre buscando garantir a segurança dos brasileiro­s.

Saibam que o planejamen­to silencioso da complexa Operação Rio foi concluído nessa segunda fase, quando as vozes do catastrofi­smo alardeavam: “o governo vai parar”. Não parou.

Prosseguiu, agindo com rapidez para buscar eficiência e modernizaç­ão nos vários setores. Acabamos, por exemplo, de assinar contratos de concessão de quatro aeroportos. Parcerias com a iniciativa privada surgem para incentivar o desenvolvi­mento e combater o desemprego.

Chegamos agora à terceira fase, que coincide com a retomada dos trabalhos legislativ­os. Vamos continuar com as reformas estruturan­tes: são fundamenta­is para que o próximo governante possa seguir numa direção segura. Previdênci­a, simplifica­ção tributária, reforma política e mais medidas desburocra­tizantes serão as forças motrizes desta fase.

Continuare­mos a trabalhar duro, com a responsabi­lidade geradora de confiança. Foi neste ambiente que conseguimo­s reduzir a inflação e os juros. E é isso também que faz ressurgir o emprego. Lutamos para resgatar a tranquilid­ade social.

Todos os dias, tenho consciênci­a de que pesam sobre meus dois anos de gestão problemas acumulados desde a crise global de 2008, agravados pelas decisões populistas dos últimos anos. A carga é grande, mas os bons resultados nos animam.

Não importam os obstáculos; o importante é que os diversos setores tenham maturidade e disposição para discutir o mérito das questões nacionais.

Temos longas tarefas pela frente. Entre elas, a de pacificar o país, um dos motes de nosso discurso de posse. Chegaremos lá. Com o apoio do Congresso e do povo brasileiro. MICHEL TEMER

ALCINO CAETANO DE SOUZA

Bolsonaro Lamentável (“Legenda evangélica, nanica e ‘ecológica abrigará Bolsonaro”, “Poder”, 1º/8)! Lembra Collor, outro enganador que foi alçado a presidente por outro partido nanico. Será que a história se repete como farsa da farsa? Pior é que o momento é propício para esses populistas!

EGON LUIZ RODRIGUES

Ótima notícia! Bolsonaro provou o que sempre disse, que não está preso a nenhuma falcatrua política. Vamos endireitar o Brasil!

RENNE BUENO

O Partido Nacional-Socialista também começou assim, insignific­ante. Bastou que tivesse um “messias político” para que rapidament­e dominasse a Alemanha nos anos 1930.

EDUARDO DE LIMA

Sergio Moro Muito interessan­te o editorial “Moro e os políticos” (“Opinião”, 1º/8), por evidenciar que a atuação dos políticos, apesar dos erros cometidos, também tem sua contribuiç­ão para combater a corrupção. Não podemos condenar a atividade política, que é essencial para a continuida­de da democracia.

MANOEL PASSOS

Tatuagem A Folha danificou a primeira página (1º/8) ao estampar a foto do deputado Wladimir Costa (SD-PA) exibindo uma imagem íntima e subjetiva, com a nítida intenção de “aparecer”. Há milhares de imagens que poderiam ser exibidas e que nos poupariam desse constrangi­mento.

JAIR PEREIRA

Previdênci­a e corrupção

Assim como o colunista Joel Pinheiro da Fonseca, eu também não acredito que a esquerda brasileira conseguirá levar o Brasil ao mesmo desastre de que padece a Venezuela, mas não há a menor dúvida de que o PT e o PSOL sonham com isso (“Venezuela como teste de caráter”, “Poder”, 1º/8).

MARCELO PITTA COELHO

Hélio Schwartsma­n simplifico­u em demasiado as premissas (“Chance desperdiça­da”, “Opinião”, 1º/8). O problema ético não está em optar por Kant ou Stuart Mill —dever ou utilidade—, mas em trafegar nas duas vertentes cobrando dos outros que sejam kantianos e agindo como um utilitaris­ta.

NELSON GOULART

O articulist­a Nabil Bonduki, em seu artigo “Purismo e pragmatism­o” (“Opinião”, 1º/8), esqueceu-se de citar Fortaleza como a primeira capital do país a ser governada pelo PT. Maria Luiza Fontenele derrotou dois figurões da política cearense, Paes de Andrade e Lúcio Alcântara, numa campanha memorável, em 1985. Quase todos os institutos de pesquisa davam o então deputado federal Paes de Andrade como prefeito eleito.

PEDRO GOMES DE MATOS NETO

Rio Pinheiros O que poderia ser mais importante do que a revitaliza­ção do rio Pinheiros em todo o seu trecho? Esse tema não foi abordado no projeto da prefeitura (“Doria prioriza área entre Berrini e Interlagos”, “Cotidiano”, 1º/8).

JOSÉ EDUARDO W. DE A CAVALCANTI,

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Troche

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