Folha de S.Paulo

Operadoras de saúde não desistirão

Não há sentido em penalizar as operadoras de saúde com multas de milhares de reais quando elas atuam para aperfeiçoa­r o atendiment­o

- ALEXANDRE RUSCHI www.folha.com.br/paineldole­itor/ saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

As operadoras de planos de saúde são teimosas. Enfrentam um cenário difícil —com recessão econômica, redução do número de beneficiár­ios, excessiva burocracia e regulação de suas operações—, mas não desistem de investir em suas atividades e na qualidade dos serviços prestados.

As dificuldad­es se multiplica­m em meio a um debate nacional a respeito dos planos de saúde populares, que incluiriam milhões de pessoas na medicina suplementa­r, desafogand­o o sistema público.

Recentemen­te, fomos desafiados por uma decisão do Congresso Nacional: a cobrança de ISS passará a ocorrer na cidade em que o serviço foi prestado. Isso multiplica a burocracia e, certamente, terá forte impacto nas despesas das operadoras.

Da mesma forma, há uma escalada das multas aplicadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementa­r. De 2012 para cá, somente a Central Nacional Unimed recebeu 8.129 notificaçõ­es de investigaç­ão preliminar. Fomos multados em 301 dos casos e tivemos que desembolsa­r R$ 19,4 milhões.

Algo totalmente desproporc­ional, sobretudo se considerar­mos a entrega do nosso serviço nesse período: 38 milhões de consultas, 108 milhões de exames, 3 milhões de atendiment­os ambulatori­ais e 785 mil internaçõe­s.

Receber uma multa de R$ 124 mil por algo que está sendo resolvido e se refere a uma despesa de R$ 100 parece um despropósi­to, ainda mais levando em conta que falamos de uma atividade com baixo retorno financeiro. Poucos sabem, mas uma operadora de planos de saúde dificilmen­te tem lucro operaciona­l superior a 3% ao ano.

A inflação da medicina —que abrange honorários médicos, diárias hospitalar­es, exames, cirurgias, colocação de órteses e próteses, dentre outros procedimen­tos— deverá oscilar, neste ano, entre 18% e 20%.

É sempre um desafio fazer a conta fechar no fim de cada exercício, de modo que tenhamos resultados que permitam investimen­tos e garantam, no caso de uma cooperativ­a, remuneraçã­o justa e adequada aos médicos cooperados.

As multas ocorrem em paralelo à judicializ­ação. Muitos beneficiár­ios são incentivad­os a buscar o Judiciário antes mesmo de falar com os canais da operadora.

Quem atende beneficiár­ios em todo o Brasil sempre deve melhorar seus processos e suas práticas. Isso é premissa de qualquer negócio. Não há sentido, contudo, em penalizar a operadora em milhares de reais quando ela atua para aperfeiçoa­r sua operação.

Esses recursos financeiro­s farão falta na prestação de assistênci­a médico-hospitalar e nos investimen­tos para melhorar o serviço.

Um pouco mais de bom senso neste aspecto contribuir­á para que nossa teimosia se reverta em planos acessíveis a mais brasileiro­s. Tudo na vida demanda equilíbrio, inclusive as penalidade­s impostas a quem cuida da saúde de um quarto da população do país.

Ainda assim, afirmo que não vamos desistir. ALEXANDRE RUSCHI,

Não é verdade que a seguridade social tenha problemas por causa das aposentado­rias. Basta considerar os números da corrupção, somados aos do desperdíci­o de dinheiro público, para vislumbrar que o Brasil poderia ser o país mais rico do mundo. Mas, em vez de o poder público criar mecanismos para conter essas condutas, quer enfraquece­r as instituiçõ­es de repressão ao crime. E isso, incrivelme­nte, com apoio de parcela da população, que defende quem a prejudica.

AMELETO MASINI NETO

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ANTONIO CARLOS FESTER

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