GOVERNO ENCURRALADO Dividida, oposição questionará rito de sessão
Partidos consideram regras da sessão ‘desequilibradas’, mas não se entendem sobre marcar ou não a presença
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma que haverá votação e que situação estará resolvida até fim do dia
Os principais partidos de oposição ao governo Michel Temer chegam a esta quartafeira (2) divididos sobre marcar ou não presença na sessão de votação da denúncia contra o presidente.
A reunião de seis partidos oposicionistas nesta terça (1º) terminou sem consenso. Após quase três horas, PT, PC do B, PSOL, Rede, PDT e PSB apenas distribuíram tarefas e decidiram que, se forem dar quorum, isso deverá acontecer somente à noite.
Juntos, os partidos têm 136 dos 513 deputados.
“Eles querem encerrar quando o povo não está vendo telejornal”, disse Glauber Braga (RJ), líder do PSOL.
Na tentativa de retardar o início da sessão, a oposição questionará o rito estabelecido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o rito é “desequilibrado”. “Vai falar o advogado de defesa, vai falar o relator do voto vencedor que é favorável à defesa e não haverá nenhuma fala da acusação”, afirmou.
Maia afirma que seguirá o regimento.
“É do processo democrático tentar construir um caminho que gere espaço maior para a oposição, mas infelizmente eu não posso desrespeitar o regimento”, declarou o presidente.
Apesar de dúvidas com relação ao quorum da sessão, o presidente da Câmara afirmou que a votação da denúncia apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Temer, que o acusa de corrupção passiva no caso da JBS, estará resolvida na tarde de quarta-feira.
“Vai dar quorum, a gente vai votar. É nossa obrigação. Não pode ter um presidente denunciado e o Parlamento não deliberar sobre isso. Independentemente da posição de cada um, é importante que a Câmara delibere.”
Por enquanto, cada partido defende uma maneira de agir. Deputados oposicionistas reclamam especialmente do PT, que gostaria de derrubar Temer, mas tenta prolongar o processo para aumentar o desgaste do presidente até as eleições de 2018.
Zarattini nega que haja movimento do partido para deixar o governo “sangrar”, mas também não garante que a sigla contribuirá para o quorum da sessão.
Para garantir que o número mínimo de 342 deputados seja atingido, aliados de Temer querem que o parlamentar de oposição que falar ao microfone sem marcar presença seja contabilizado.
Cientes dessa situação, os oposicionistas escalarão um pequeno número de representantes para se manifestar em plenário.