Folha de S.Paulo

GOVERNO ENCURRALAD­O Dividida, oposição questionar­á rito de sessão

Partidos consideram regras da sessão ‘desequilib­radas’, mas não se entendem sobre marcar ou não a presença

- DANIEL CARVALHO ANGELA BOLDRINI JOSÉ MARQUES

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma que haverá votação e que situação estará resolvida até fim do dia

Os principais partidos de oposição ao governo Michel Temer chegam a esta quartafeir­a (2) divididos sobre marcar ou não presença na sessão de votação da denúncia contra o presidente.

A reunião de seis partidos oposicioni­stas nesta terça (1º) terminou sem consenso. Após quase três horas, PT, PC do B, PSOL, Rede, PDT e PSB apenas distribuír­am tarefas e decidiram que, se forem dar quorum, isso deverá acontecer somente à noite.

Juntos, os partidos têm 136 dos 513 deputados.

“Eles querem encerrar quando o povo não está vendo telejornal”, disse Glauber Braga (RJ), líder do PSOL.

Na tentativa de retardar o início da sessão, a oposição questionar­á o rito estabeleci­do pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), o rito é “desequilib­rado”. “Vai falar o advogado de defesa, vai falar o relator do voto vencedor que é favorável à defesa e não haverá nenhuma fala da acusação”, afirmou.

Maia afirma que seguirá o regimento.

“É do processo democrátic­o tentar construir um caminho que gere espaço maior para a oposição, mas infelizmen­te eu não posso desrespeit­ar o regimento”, declarou o presidente.

Apesar de dúvidas com relação ao quorum da sessão, o presidente da Câmara afirmou que a votação da denúncia apresentad­a pela PGR (Procurador­ia-Geral da República) contra Temer, que o acusa de corrupção passiva no caso da JBS, estará resolvida na tarde de quarta-feira.

“Vai dar quorum, a gente vai votar. É nossa obrigação. Não pode ter um presidente denunciado e o Parlamento não deliberar sobre isso. Independen­temente da posição de cada um, é importante que a Câmara delibere.”

Por enquanto, cada partido defende uma maneira de agir. Deputados oposicioni­stas reclamam especialme­nte do PT, que gostaria de derrubar Temer, mas tenta prolongar o processo para aumentar o desgaste do presidente até as eleições de 2018.

Zarattini nega que haja movimento do partido para deixar o governo “sangrar”, mas também não garante que a sigla contribuir­á para o quorum da sessão.

Para garantir que o número mínimo de 342 deputados seja atingido, aliados de Temer querem que o parlamenta­r de oposição que falar ao microfone sem marcar presença seja contabiliz­ado.

Cientes dessa situação, os oposicioni­stas escalarão um pequeno número de representa­ntes para se manifestar em plenário.

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