Sala de Paula Lavigne e Caetano une políticos e artistas pelo ‘Fora Temer’
Encontros deram origem à ação ‘342 Agora’, que quer pressionar deputados a votarem a favor de denúncia contra o presidente
Sentado em seu apartamento em Ipanema, em maio, Caetano Veloso dedilhava o violão. A melodia acompanhava o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que versava: “Temer tem que cair antes do dia 26 [de maio]. Porque, no dia 26, é o dia em que os procuradores vão escolher o substituto do Janot”.
Temer continua na Presidência e já nomeou Raquel Dodge sucessora do procurador-geral da República.
Mas Caetano acabaria tocando, ali, a primeira nota do movimento de artistas contrários a Temer, que promoveu protestos pelas Diretas Já e vem divulgando a ação “342 Agora” —mínimo de deputados que têm de votar pela aceitação da denúncia contra o presidente para que siga para o Supremo.
Desde esse papo com Randolfe, divulgado nas redes sociais, Paula Lavigne, empresária e companheira de Caetano, tem aberto sua casa para reuniões com artistas. “Sugeri que ela reunisse os que apoiaram e os que foram contra o impeachment. O ‘Fora Temer’ juntava todos”, afirma o senador. Ou “Xô, Vampirão”, como preferem os comensais, nome de um samba criado por Xande de Pilares no apartamento de Ipanema.
A comunhão de quem estava em lados opostos parece afinada com o discurso do partido de Randolfe para 2018. No Instagram, Marina, que esteve no apartamento no último final de semana, disse em um vídeo ter reavivado a “esperança de ver o Brasil unido”.
O partido não esconde o desejo de lançar uma chapa presidencial com Marina e o ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa —que também se reuniu com artistas na casa de Lavigne, mas na ocasião disse não ter disposição para a disputa. “Ele tem hesitado e nós temos insistido”, conta Randolfe. CAMPANHAS O senador amapaense ficou amigo da empresária durante a CPI do Ecad. Hoje, se hospeda na casa dela quando está no Rio e vão à academia juntos. Na CPI, em 2012, Lavigne se destacou como uma das lideranças por mudanças na forma de pagamento de direitos autorais. Depois, criou a Associação Procure Saber, famosa por sua posição contrária à publicação de biografias sem autorização do biografado.
Em 2007, Lavigne atuou no marketing político. Naquele ano, foi convidada por Rodrigo Maia, então presidente do DEM, para dirigir o programa de TV que reapresentava o partido, antigo PFL.
Hoje, ela aconselha Randolfe a se comunicar melhor: “Ela até fez um media training comigo. Poucas pessoas conhecem as redes sociais como a Paula, tem muita experiência de falar com o sentimento popular”, diz o senador.
Lavigne não quis dar entrevista. Afirma que o movimento dos artistas é amplo e que ela não idealiza sozinha as ações do grupo.
No caso do “342 Agora”, os artistas contaram com a ajuda do Mídia Ninja, do grupo Fora do Eixo. É Lavigne quem dispara no WhatsApp imagens para os apoiadores divulgarem em suas redes. “Tudo é feito por mim e dois estagiários. Já, já Caetano arruma outra empresária”, brinca.
De acordo com o grupo, seu site somou 5,3 milhões de visitas. Seja qual for o resultado para Temer, o grupo já tem reunião marcada para o fim de semana, em que discutirão a “fase dois” do engajamento. Endereço? A casa de Lavigne e de Caetano.