Folha de S.Paulo

Justiça torna Lula réu no processo sobre obras em sítio de Atibaia

Acusação da Procurador­ia é de que empreiteir­as bancaram reformas na propriedad­e rural

- ESTELITA HASS CARAZZAI

É a terceira ação contra Lula aberta por juiz Moro; executivos da OAS e da Odebrecht também são réus

O juiz Sergio Moro aceitou, na terça-feira (1º), mais uma ação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Lava Jato —desta vez, relativa a um sítio em Atibaia (SP).

O petista é acusado de ter se beneficiad­o de R$ 1,02 milhão em benfeitori­as no imóvel, que era frequentad­o por ele e seus familiares.

Reportagem da Folha ,em janeiro de 2016, revelou que a Odebrecht realizou a maior parte das obras no local. As reformas começaram em outubro de 2010, quando Lula estava no fim de seu segundo mandato na Presidênci­a.

A construtor­a gastou cerca de R$ 500 mil apenas em materiais, segundo a reportagem, e pagava os valores semanalmen­te em dinheiro vivo. Eram até R$ 90 mil por semana.

A denúncia do Ministério Público, apresentad­a no final de maio, também cita a empreiteir­a OAS e o pecuarista e amigo de Lula José Carlos Bumlai como responsáve­is por parte dos pagamentos de benfeitori­as.

Os valores usados nas reformas teriam vindo, segundo a acusação, de contratos das empreiteir­as na Petrobras, e repassados como vantagem ilícita ao ex-presidente.

Na decisão que acatou a

Organizaçã­o criminosa

O que diz a defesa

Ex-presidente é réu em seis ações penais

O apartament­o não é de Lula, que foi condenado sem provas e “para fins de perseguiçã­o política” denúncia, Moro destaca que “não há qualquer registro de que o ex-presidente tenha pago qualquer valor por essas reformas realizadas no sítio”.

“Evidenteme­nte, não se trata de conclusão quanto às provas, pois elas estão sujeitas a críticas e ao contraditó­rio”, complement­a o juiz.

Segundo ele, caberá ao expresiden­te demonstrar se arcou com alguma das despesas, por meio de prova documental, o que poderia fazer “com facilidade” por meio de transferên­cias bancárias e outros documentos. Lula nunca interferiu ou tentou interferir em depoimento­s relativos à Lava Jato Lula não tratou, nem quando era presidente nem depois, dessas relações comerciais

Para a Procurador­ia, o sítio, que está em nome dos empresário­s Fernando Bittar e Jonas Suassuna, pertencia na realidade a Lula e foi comprado em seu benefício.

Bittar é filho de Jacó Bittar, que fundou o PT com Lula. Ele e Suassuna são sócios de Fábio Luís da Silva, o Lulinha, filho do ex-presidente.

Entre as provas mencionada­s, estão e-mails enviados a endereços do Instituto Lula que citam cardápios de almoço no sítio e viagens do petista a Atibaia.

Esta é a sexta ação contra Nem o ex-presidente nem seu filho participar­am de atos ligados a essas empresas Lula alugava o apartament­o. Seu instituto funciona em outro local há anos Lula por suspeitas de corrupção, e a terceira a que ele responde na vara do juiz Moro.

Além de Lula, viraram réus o patriarca do grupo Odebrecht, Emílio Odebrecht, seu filho Marcelo e os ex-executivos da empresa Alexandrin­o Alencar, Carlos Paschoal e Emyr Costa.

Da OAS, tornaram-se réus Leo Pinheiro, Agenor Medeiros e Paulo Gordilho. O mesmo ocorreu com o ex-funcionári­o da Presidênci­a Rogério Pimentel, o advogado e amigo de Lula Roberto Teixeira, além de Bittar e Bumlai.

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