Folha de S.Paulo

Procurador­es prorrogam Lava Jato em Curitiba e debatem reajuste

Conselho do MPF decide que operação no PR terá mais um ano

- REYNALDO TUROLLO JR.

O Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) aprovou por unanimidad­e, nesta terça-feira (1°), a prorrogaçã­o da força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba por mais um ano.

A força-tarefa em Curitiba é coordenada pelo procurador Deltan Dallagnol e foi criada em 2014 para cuidar das investigaç­ões nos processos sob responsabi­lidade do juiz federal Sergio Moro.

Diferentem­ente do Ministério Público Federal, a Polícia Federal encerrou em julho sua força-tarefa dedicada exclusivam­ente à Lava Jato.

A sessão do CSMPF desta terça é a última presidida por Rodrigo Janot, que deixa o cargo de procurador-geral em 17 de setembro. Sua sucessora, Raquel Dodge, também integrante do conselho, não compareceu.

Na semana passada, o conselho incluiu na proposta orçamentár­ia do MPF para 2018 um reajuste de 16,38% para os procurador­es da República. A proposta inicial formulada pela equipe de Janot não previa o reajuste, que foi incluído na peça orçamentár­ia a pedido de Dodge.

Ficou decidido na ocasião que seria formada uma comissão de transição com aliados de Janot e de Dodge para discutir de onde sairão os R$ 116 milhões necessário­s para que o reajuste salarial possa ser viabilizad­o.

Nesta segunda (31), Dodge enviou um ofício a Janot solicitand­o que ele indique onde fazer os cortes. O procurador­geral manifestou contraried­ade com o pedido, afirmando que não refaria a proposta orçamentár­ia uma vez que sua equipe não havia incluído o reajuste.

“Não farei individual­mente indicativo de corte [em outras rubricas] para suportar os 16,38%. Já estou avisando que não farei”, afirmou Janot.

O procurador-geral disse ainda que, se ele fizesse uma nova proposta orçamentár­ia, precisaria convocar uma nova sessão do conselho do MPF para aprová-la, e não haveria tempo hábil porque o documento precisa ser enviado ao Poder Executivo até o dia 15 deste mês.

Por unanimidad­e, o conselho decidiu que a comissão de transição apontará os cortes no orçamento —contrarian­do o pedido no ofício de Dodge.

Para que haja reajuste para os procurador­es, é preciso aumentar também os salários dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

O salário do procurador­geral da República o mesmo de um ministro do STF —que, por sua vez, é o teto do funcionali­smo.

Hoje, esse salário é de R$ 33,7 mil. Com o reajuste pretendido, iria para R$ 39,3 mil.

Um eventual reajuste precisa ser aprovado pelo Congresso e causaria um efeito cascata nos salários de juízes federais, estaduais, parlamenta­res, procurador­es e promotores, entre outros. ÍNDICE O índice pleiteado não é novo. Desde agosto de 2015 tramitam no Congresso dois projetos de lei —um para o MPF e outro para o STF— para reajustar os salários do procurador-geral e dos ministros da Corte em 16,38%.

Para o Congresso fazer avançar esses projetos, é necessário que tanto o MPF como o STF prevejam o reajuste em seus orçamentos.

Os ministros do Supremo discutirão a questão no próximo dia 9. Segundo a Folha apurou, a tendência é que a proposta levada ao plenário do STF pela presidente da corte, Cármen Lúcia, não preveja reajuste para os magistrado­s no ano que vem.

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