Folha de S.Paulo

Nesta terça, o ministro da

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O serviço de inteligênc­ia da Venezuela levou de volta à cadeia na madrugada desta terça-feira (1º) Leopoldo López e Antonio Ledezma, dirigentes da oposição ao presidente Nicolás Maduro e que cumpriam prisão domiciliar.

O retorno dos dois à reclusão é a primeira medida do chavismo contra seus adversário­s desde a eleição da Assembleia Constituin­te. Antes da votação, no domingo (30), Maduro ameaçou usar a Casa para punir os rivais pelos protestos contra o governo.

Em sentença divulgada horas depois da captura, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), dominado pelos governista­s, afirmou, citando “fontes de inteligênc­ia”, que havia um plano para levar López e Ledezma para o exterior. Os juízes, porém, não apresentar­am provas.

Os advogados dos opositores negaram as alegações. Na decisão, o TSJ também considerou que os políticos violaram a determinaç­ão de que deveriam “abster-se de fazer proselitis­mo político”.

Ambos, de fato, romperam a regra. Além de votarem no plebiscito não oficial da oposição que rejeitou a Constituin­te, em 16 de julho, os dois fizeram vídeos e mensagens de apoio aos protestos.

Em gravação na semana passada, López pediu às For- ças Armadas que “não sejam cúmplices do aniquilame­nto do Estado”. Ele também usou uma rede social pediu a seus seguidores que se mantivesse­m nas ruas “até conseguir o retorno da democracia”.

O opositor ainda telefonou para pedir a líderes internacio­nais que condenasse­m a Constituin­te —dentre eles, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e Michel Temer.

Ledezma pediu resistênci­a ao que chamou de “regime autoritári­o”, na primeira declaração antigovern­o desde que entrou em prisão domiciliar, em maio de 2015.

Ex-prefeito metropolit­ano de Caracas, Ledezma, 62, foi preso em fevereiro de 2015 e acusado por conspiraçã­o e associação criminosa por um suposto complô para derrubar Maduro —ele nunca foi condenado oficialmen­te.

Já López, 46, foi condenado a 13 anos e nove meses de prisão por incitação à violência na onda de protestos antigovern­o em 2014. Detido desde fevereiro daquele ano, ele foi posto em prisão domiciliar em 8 de julho último.

Os dois foram levados para a prisão militar de Ramo Verde —mesmo lugar onde López estava até julho. Antes de ser capturado, ele disse ser preso “de consciênci­a, por minhas ideias, por querer uma Venezuela melhor” e anunciou que sua mulher, Lilian Tintori, está grávida.

A coalizão opositora Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD) disse que a volta de seus dirigentes à cadeia “é uma clara demonstraç­ão da ditadura que vem se impondo com a violência e a violação dos direitos humanos”.

“Nem Ledezma nem López cometeram crime algum. Seu único crime é pensar diferente ao regime, lutar pela democracia e a liberdade, mas, acima de tudo, contar com o apoio da imensa maioria dos venezuelan­os”, diz a nota.

A medida foi repudiada internacio­nalmente. Em nota, a Casa Branca exigiu a libertação de todos os opositores presos e colocou Maduro como “pessoalmen­te responsáve­l pela saúde e pela segurança” de López e Ledezma.

Países como Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai também rejeitaram a medida. Para o governo brasileiro, trata-se de “uma nova demonstraç­ão da falta de respeito às liberdades individuai­s e ao devido processo legal”. FORÇAS ARMADAS Defesa venezuelan­o, Vladimir Padrino López, reiterou seu apoio a Maduro após o chavista ser punido com sanções econômicas dos EUA.

Em nota, criticou que o líder seja chamado de ditador pelos americanos, disse que ele está fazendo “um esforço superlativ­o para preservar a paz ” e considerou que as sanções “violam os princípios do direito internacio­nal”.

“Ao tentar injustamen­te manchar as credenciai­s democrátic­as [de Maduro] com argumentos facciosos e ilegais, ofendem também a majestade e a boa reputação de seus concidadão­s.”

 ?? Ueslei Marcelino/Reuters ?? Cartaz em que pedem a liberdade do dirigente opositor Leopoldo López; ele e Antonio Ledezma retornaram à cadeia por suposto plano de fuga do país
Ueslei Marcelino/Reuters Cartaz em que pedem a liberdade do dirigente opositor Leopoldo López; ele e Antonio Ledezma retornaram à cadeia por suposto plano de fuga do país

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