Folha de S.Paulo

Economias mundo afora.

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Philip Hamond - Que tipo de acordo comercial poderia ser trabalhado entre Brasil e Reino Unido? Londres está mais interessad­a em um acordo bilateral com o Brasil ou em um com o Mercosul?

Folha - Ambos. Como você sabe, a UE negocia um acordo com o Mercosul. Enquanto o Reino Unido for parte da UE, incentivam­os fortemente que esse acordo avance.

Se tivermos um acordo entre UE e Mercosul antes de o Reino Unido deixar a UE, buscaremos replicá-lo em um acordo Reino Unido-Mercosul. Exatamente os mesmos pontos, e no futuro, poderemos tentar um mais ambicioso. Porque o Reino Unido está mais aberto ao livre comércio do que alguns de nossos parceiros na UE. Se a UE e o Mercosul não tiverem um acordo quando sairmos, em março de 2019, tentaremos um acordo direto, tanto com o Brasil quanto com o Mercosul. O Brasil passa por um momento de cresciment­o anêmico e instabilid­ade política. Como o sr. explica isso aos investidor­es britânicos?

Investidor­es britânicos têm investido internacio­nalmente por cerca de dois séculos. Eles estão acostumado­s a instabilid­ade política e desafios em Na semana passada, o sr. disse que a relação com a UE poderia parecer “similar de muitas formas” até 2022, mas na segunda (31) um porta-voz do governo afirmou que a livre circulação entre UE e Reino Unido acaba em 2019. O governo May não chegou a um consenso sobre essa questão?

Estamos em negociação com a UE. Deixaremos a UE em março de 2019, e então haverá um período, espero, quando iremos ajustar gradualmen­te uma nova relação com a UE, com um acordo de livre comércio.

Nossa ministra do Interior [Amber Rudd] deu uma declaração na semana passada dizendo que nós iremos introduzir a partir de abril de 2019 para cidadãos da UE um registro quando eles chegarem ao Reino Unido para trabalhar. Eles ainda poderão vir durante esse período, mas eles terão que se registrar.

A livre circulação vai acabar, porque a livre circulação é um direito segundo o tratado da UE, e o Reino Unido não será mais parte desse tratado. No plebiscito do ano passado, o sr. defendeu a permanênci­a na União Europeia. Por quê?

Acredito fortemente no valor do mercado comum europeu e na vantagem que o Reino Unido teve em poder acessar um mercado de 500 milhões de consumidor­es.

Mas a UE sempre teve um projeto de unificação política. Isso é mais difícil para o povo britânico entender ou aceitar. Acreditei no ano passado que seria possível para o Reino Unido permanecer na UE, mas ficar de fora do projeto político. O povo britânico, porém, decidiu que deveríamos deixar a UE. Somos uma democracia, cumpriremo­s a decisão do povo, mas quero garantir que o façamos de forma a proteger nossa economia, empregos e cresciment­o econômico.

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