A volta do Profeta
HERNANES, APELIDADO de Profeta, por seu jeito descontraído e pelo uso correto e inteligente das palavras, de acordocomoquepensaesente,semos clichêsdofutebolês,jáseentrosoucom os companheiros na primeira partida.
Ele disse, antes da vitória sobre o Botafogo, que ficou surpreso com a enorme recepção que teve no Brasil, pois, “não estava com essa bola toda”. Reconheceu, ainda, que jogou na Europa muito menos do que poderia. É uma supervalorização marqueteira, como se os jogadores que chegam do exterior fossem melhores do que são ou do que eram e/ou como se estivessem nos melhores momentos das carreiras.
O torcedor se ilude com a propaganda enganosa e, depois, se decepciona. Parafraseando o “filósofo” Vampeta, os clubes fingem que contrataram um craque –pagam fortunas por isso–, e os jogadores fingem que são realmente craques, com exceção dos que possuem autocrítica, como Hernanes. Ele é um ótimo meio-campista, mas nunca foi craque nem titular habitual da seleção. É um raro e verdadeiro ambidestro,poisdribla,passaefinalizabem com as duas pernas. PRAZER EM DEFENDER O Corinthians, como já tinha ocorrido no período inicial, com Tite, vive o prazer de fazer um gol e de desafiar o adversário a empatar. Vai para trás e tenta ter o domínio da bola. É perigoso. O Flamengo empatou e quase faz o segundo.
Alguns “entendidos”, como diria Nelson Rodrigues, falam que o Corinthians tem problemas defensivos, pelo alto, pois 75% dos gols que sofre são em jogadas aéreas. Em 17 partidas, o time levou oito gols, sendo seis em bolas altas. São números baixíssimos, pelo alto e pelo chão. Como os adversários têm muita dificuldade em entrar pelo meio, passam a cruzar a bola na área, como fez o Flamengo umas mil vezes.
Preciso fazer uma correção, para não ser injusto. No domingo, escrevi que “Zé Ricardo parece ter gratidão por alguns jogadores que lhe deram força no início de seu trabalho”. Fica a impressão que ele não é um bom profissional, que protege os amigos. Ele certamente, escolhe por convicções técnicas, nem sempre corretas, como a de preferir, por um longo tempo, Rafael Vaz a Juan. Deveria jogar também Márcio Araújo ou Cuéllar. São razoáveis. Não faz diferença um ou outro. CHEFE CUCA Felipe Melo ofendeu Cuca e está fora do Palmeiras. Não dariam certo juntos o esquisito Cuca e o falastrão Felipe Melo. O jogador, que chegou como estrela, não suportou ser tratado como reserva. Esse foi o estopim de tudo. Odesfechofoioáudio.FelipeMeloquis mandar em tudo, e Cuca mostrou a ele quem é o chefe. Discordo apenas da preferência técnica de Cuca. A marcação individual, adotada pelo treinador, que Felipe Melo não teria condições de cumprir, o que é discutível, é um vício, um resquício do futebol ultrapassado, que predominou nos últimos tempos no Brasil e que começou a mudar depois da Copa de 2014.
Hernanes, o Profeta, ótimo jogador, sem nunca ter sido craque, será um excelente reforço para o São Paulo
POSSE DE BOLA Estão confundindo e associando muita posse de bola com jogar no ataque e pouca posse de bola com atuar na defesa e no contra-ataque. Muitas vezes, não é assim. O contra-ataque começa quando se recupera a bola, o que pode ser na defesa, no meio ou no ataque. Muita posse de bola pode ser apenas no próprio campo, sem atacar e sem criar chances de gol. Além disso, ter a bola atrapalha quem não sabe o que fazer com ela.