O prédio de Copacabana não é o único. Um outro edifício no largo do Machado
Tapumes em varandas de lojas vazias, marquises demolidas e até chuveirinhos. Essas são algumas das estratégias adotadas por proprietários de estabelecimentos comerciais e administradores de prédios para afastar moradores de rua das calçadas no Rio.
No início do mês, um dos edifícios mais famosos de Copacabana instalou um espécie de chuveirinho na marquise para molhar as pessoas que dormem por ali.
De acordo com funcionários do prédio, o sistema de água foi colocado no local para a irrigação de um canteiro, que ainda não existe.
A decisão foi condenada pelas autoridades e defensores dos direitos humanos.
“É uma atitude preconceituosa, antissocial e higienista. Não aponta nenhuma saída. Numa época de crise, as pessoas deveriam resgatar o espírito de solidariedade e ajudar essas pessoas. Muitas delas são produtos desse momento que vivemos”, diz Marcelo Chalréo, presidente da comissão de direitos humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), que participa de fórum que debate o crescimento da população de rua. APOIO também fez o chuveirinho.
Moradores dos dois bairros apoiaram a iniciativa.
“É uma atitude perfeitamente compreensível. O condomínio estava sofrendo um problema seriíssimo de segurança. Era um grupo complicado, que usava drogas e praticava furtos. Os moradores fizeram inúmeras reclamações e nada adiantou”, disse o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, em rede social.
Para tentar tirar os moradores da rua, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos conta com 38 abrigos da prefeitura e 26 conveniados.
A pasta tem um orçamento de R$ 400 milhões neste ano. “O problema da população de rua aqui se agrava a cada dia. É um reflexo de todas as crises que enfrentamos, a federal, a estadual e a municipal, pois a arrecadação da prefeitura também despencou. Como não temos os recursos necessários para melhorar a situação dessas pessoas, estamos buscando parcerias”, disse a secretária Teresa Bergher, que classificou de “desumana” a colocação de chuveirinhos nas marquises dos prédios.
“Infelizmente, a miséria vem crescendo astronomicamente no Rio. Hoje temos no nosso cadastro único 1,3 milhão de pessoas, sendo que 660 mil estão abaixo da linha da pobreza. Mas uma parcela da sociedade não se sensibiliza. Ao contrário, quer varrer o morador de rua da sua porta. Isso é desumano, bárbaro e mostra como a sociedade está doente”, afirmou.
Há hoje 2.200 vagas na re- 7º DIA