Folha de S.Paulo

Maduro fará exercício militar na Venezuela

Ensaios, previstos para 26 e 27 de agosto, são resposta a Trump, que disse não descartar ‘opção militar’ no país

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Ditador acusa oposição de ser ‘quinta coluna do imperialis­mo’ e voltou a ameaçá-la; vice dos EUA visita refugiados

O ditador venezuelan­o, Nicolás Maduro, convocou nesta segunda-feira (14) novos exercícios militares, três dias após o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que não descarta “a opção militar” para resolver a crise no país.

A declaração do americano alimentou a acusação do chavista de que a Casa Branca deseja intervir na Venezuela, feita desde que foi eleito, em 2013, e reforçada durante a onda de protestos contra o regime, iniciada em abril.

Diante de milhares de pessoas que participar­am de um ato cujo lema foi “Fora da América Latina, Trump”, Maduro anunciou o treinament­o, que chamou de “Exercício Soberania Bolivarian­a 2017”, para 26 e 27 de agosto.

Sobre a ameaça, disse que a Venezuela não pode ser ameaçada “por ser um país de paz” e agradeceu as condenaçõe­s feitas por países latino-americanos, inclusive aqueles críticos a seu regime.

“Trump, jogando golfe em seu campo, saiu para falar e disse a frase mais insolente, desproporc­ional, vulgar e ofensiva que jamais foi dita contra a Venezuela na história das relações internacio­nais.”

Ele acusou a Casa Branca de ordenar as manifestaç­ões de seus rivais. “Primeiro decretaram que se instalasse o caos e a violência e, para isso, têm uma quinta coluna, que se chama oposição da Venezuela, a direita apátrida.”

Também reiterou a intenção de punir os adversário­s pela violência, que chamou de “terrorismo burguês”, com a comissão da verdade da Assembleia Constituin­te para investigar “a violência política” nos 18 anos do chavismo.

“Prejudicar­am muito a pátria, aqueles que mandaram queimar, quebrar e matar têm que responder. A violência dos baderneiro­s foi para provocar uma guerra civil para justificar uma intervençã­o estrangeir­a na Venezuela.”

Como outro motivo para que a oposição seja punida, citou a nota da Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD) sobre NICOLÁS MADURO ditador venezuelan­o

MIKE PENCE

vice-presidente dos EUA

Trump disse a frase mais insolente, desproporc­ional, vulgar e ofensiva que jamais foi dita contra a Venezuela na história Um Estado falido poderia ameaçar a prosperida­de de todo o continente

a frase de Trump, em que rejeitam a interferên­cia, mas não mencionam nominalmen­te o americano e os EUA.

“Não dizem uma só palavra para defender o direito à paz nesta terra sagrada”, disse, para depois se referir à eleição regional, previstas para outubro. “Estarão aí os candidatos de Trump e os candidatos da revolução.”

Este será o segundo exercício militar deste ano, ambos foram motivados por ações da Casa Branca. O primeiro, em janeiro, ocorreu após Barack Obama renovar o decreto que considera o país uma ameaça à segurança.

Na ocasião, participar­am 580 mil militares, policiais, integrante­s da Milícia Nacional Bolivarian­a (força armada civil), além de militantes e oficiais militares de Cuba.

A Venezuela também realizou exercícios em 2015, após Obama lançar o decreto, e em 2016, na primeira renovação. PENCE Os exercícios militares são anunciados no segundo dia de visita do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, à América Latina. Nesta segunda, reiterou que os americanos continuarã­o a agir para evitar o colapso venezuelan­o.

“Não vamos ficar de braços cruzados enquanto a Venezuela se torna uma ditadura. Um estado falido poderia ameaçar a prosperida­de de todo o continente”, disse, após visitar venezuelan­os que fugiram para a Colômbia.

Dentre as medidas, citou sanções econômicas, o que levou a críticas do vice venezuelan­o, Tareck El Aissami. “São cínicos. Dizem que o povo está sofrendo por não ter comida e remédios, mas apoiam o cerco financeiro.”

El Aissami, Maduro e outras 30 pessoas estão na lista de sanções do Departamen­to do Tesouro dos EUA.

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Ronaldo Schemidt/AFP Em ato pró-Nicolás Maduro em Caracas, homem representa­ndo soldado venezuelan­o ameaça com uma arma o Tio Sam, símbolo dos Estados Unidos

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