Fachin homologa delação de Lúcio Funaro
Corretor, considerado operador de Cunha, pode abastecer denúncia contra Temer
O ministro Edson Fachin, relator dos casos da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), homologou (validou) nesta terçafeira (5) a delação premiada do corretor de valores Lúcio Funaro. O procedimento está em sigilo.
Preso em Brasília desde julho de 2016, Funaro forneceu informações à PGR (Procuradoria-Geral da República) sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo principalmente políticos do PMDB.
Ele é apontado por investigadores da Lava Jato como operador de propina ligado ao ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso no Paraná.
As informações prestadas por Funaro devem ser usadas na segunda denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer —a primeira, por acusação de corrupção passiva, teve sua tramitação suspensa pela Câmara dos Deputados em agosto.
O presidente é investigado por suspeitas de participar de organização criminosa junto com integrantes do chamado “PMDB da Câmara” e de obstruir a Justiça.
Para o procurador-geral, Rodrigo Janot, Temer deu aval para o empresário Joesley Batista, dono da JBS, fazer pagamentos à família de Funaro com o objetivo de que ele não contasse o que sabe sobre esquemas ilícitos. DENÚNCIA
Segundo a Folha apurou, procuradores decidiram manter o cronograma de trabalho para denunciar Temer novamente nos próximos dias, apesar de a delação dos executivos da JBS, que gerou a investigação sobre o presidente, estar sob risco.
Nesta segunda (4), Janot abriu investigação para apurar indícios de que três executivos do grupo J&F, dono da JBS, omitiram informações sobre crimes, o que é vedado no instituto da delação.
Janot afirmou que, mesmo que os benefícios dos delatores, entre eles os de Joesley Batista, venham a ser revistos, há previsão legal para que as provas obtidas por meio da delação continuem válidas e sejam usadas em processos.
Agora, conforme a reportagem apurou, procuradores só esperam a Polícia Federal concluir um inquérito sobre o “PMDB da Câmara”, conhecido como “quadrilhão”, para utilizar as informações na nova denúncia contra Temer.
O “quadrilhão” envolve ainda outros 15 suspeitos, como Cunha e o ex-deputado Henrique Alves (PMDB-RN), que também já presidiu a Câmara dos Deputados. DELAÇÃO Funaro assinou o acordo de delação com a Procuradoria no final de agosto.
Os investigadores enviaram o material ao ministro Fachin, que em seguida devolveu os documentos para que o Ministério Público fizesse ajustes em uma cláusula que tratava de improbidade administrativa. Após os ajustes, o material foi reenviado ao Supremo.