‘Dreamer’ brasileira teme por seu futuro
Beneficiária do programa que regularizou jovens imigrantes, Bruna Bouhid se diz rejeitada por eleitores de Trump
Nos EUA desde 1999, ela integra ONG de assistência a outros estrangeiros que devem voltar a ser ilegais
2018 —prazo dado por Trump para encerrar o programa.
Bruna já renovou duas vezes o seu benefício, que é válido por dois anos. O último venceria em 2018. “Senti raiva e muita tristeza com a decisão [de Trump]. É um aperto no coração, porque você não sabe o que pode acontecer daqui seis meses [prazo dado pelo governo para começar a ser extinto].”
Para Bruna, o Daca veio num momento decisivo. Ela estava no terceiro ano da faculdade, onde cursava Estudos Internacionais e Ciência Política, e não poderia trabalhar legalmente quando se formasse. Ainda na Universidade da Flórida, ela conseguiu, graças ao programa, receber alguma remuneração por estágios e tirar sua carteira de motorista.
A brasileira hoje trabalha na organização “United We Dream” (unidos nós sonhamos), que dá apoio a beneficiários do Daca —chamados de “dreamers”— como ela.
O nome vem do “Dream Act”, um projeto de lei que garante benefícios semelhantes ao Daca, mas tramita no Congresso sem sucesso desde 2001. É pelo Dream Act que Bruna e sua organização pretendem lutar agora.
Ela, contudo, diz que os “dreamers” não vão aceitar fazer concessões, como permitir o endurecimento das regras a outros imigrantes irregulares para que o Dream Act passe. “Não vamos trocar nossas vidas pelas de outros imigrantes ilegais.”
Bruna não gosta nem de pensar na possibilidade de ser deportada para o Brasil, país que não visita desde os 11 anos. “Para mim é a última alternativa. Não porque não goste do Brasil, mas viemos para os EUA por uma vida melhor. Eu tenho que continuar pensando que as oportunidades estão aqui.” (ISABEL FLECK)