Macron tem a maioria na Assembleia Nacional, que também apoia as medidas.
Como prometiam desde a campanha eleitoral, sindicatos franceses protestaram nesta terça (12) em repúdio às reformas trabalhistas do presidente Emmanuel Macron.
Houve greves em setores como ferrovias e energia, com algumas interrupções.
Parte do transporte de Nice foi paralisada, por exemplo. Em casos isolados, a polícia entrou em confronto com jovens mascarados.
O Ministério do Interior afirmou que 223 mil manifestantes foram às ruas. O número é inferior aos 400 mil que protestaram em março de 2016 contra a reforma trabalhista do socialista François Hollande, algo que pode servir de alento a Macron.
Os protestos contra a reforma trabalhista ocorreram em meio à visita de Macron às ilhas francesas devastadas pelo furacão Irma no Caribe.
Há novos atos planejados para 21 e 23 de setembro, mas não está claro se terão fôlego para apresentar um desafio real ao presidente, que desde a posse promete governar como uma espécie de Júpiter, o deus todo-poderoso do panteão romano.
Parte da explicação para o menor comparecimento está no fato de que outros dois importantes sindicatos —incluindo o maior deles, a Confe- deração Francesa Democrática do Trabalho— não participaram dos protestos.
Desde sua eleição em 7 de maio, Macron vinha negociando com setores trabalhistas para apaziguar a frustração e fazer concessões. CRÍTICAS A reforma trabalhista que ele propôs é bastante criticada por permitir, por exemplo, a negociação direta entre funcionários e patrões, escanteando os sindicatos.
Nisso, a reforma é bastante semelhante àquela do governo Michel Temer no Brasil, que também aborda as negociações diretas.
Também serão estabelecidos limites a indenizações por demissões sem justa causa, e esses processos serão acelerados nos tribunais.
Por outro lado, segundo a proposta de Macron, as indenizações por demissão podem subir dos 20% atuais para 25% do salário por cada ano trabalhado na empresa.
O presidente age convencido pelo argumento do setor privado de que as leis trabalhistas atuais —estipuladas em um calhamaço de 3.000 páginas— afastam investimentos e dificultam a criação de empregos.
A taxa de desemprego da França, estacionada em 10%, é o dobro da de países vizinhos como Alemanha, Holanda e Reino Unido.
As novas leis devem ser implementadas em 22 de setembro por decreto presidencial. PREGUIÇOSOS Os protestos desta terçafeira foram marcados pelos cartazes com frases do tipo “preguiçosos em greve”, “sou preguiçoso” ou “Macron, você está ferrado, os preguiçosos estão nas ruas”.
Macron usou o termo “preguiçosos” na semana passada em viagem a Atenas. Ele se disse determinado a não ceder a “preguiçosos, cínicos e radicais”.
O presidente francês, eleito com 66% dos votos, tem visto sua popularidade minguar de forma veloz. Pesquisas de agosto situavam sua aprovação em apenas 37%.
Seu antecessor, o socialista François Hollande, chegou a ter uma aprovação recorde de somente 3%. Hollande suavizou sua própria reforma trabalhista, após protestos em massa. Macron era à época o ministro da Economia.