Folha de S.Paulo

Venda da Eletrobras deve sair até o início de 2018, prevê ministro

Governo pretende ter menos de 50% das ações da companhia

- NICOLA PAMPLONA

O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse nesta terça (12) que o governo trabalha para concluir ainda neste ano o modelo de venda de ações da Eletrobras. A ideia, afirmou, é finalizar o processo de privatizaç­ão no primeiro trimestre de 2018.

“Sabemos que o tempo é curto, que é um desafio, mas estamos trabalhand­o com a Fazenda e com o Planejamen­to.” Segundo ele, representa­ntes dos ministério­s têm se reunido diariament­e para definir o modelo.

No entanto, segundo fontes ligadas à Eletrobras, é altamente improvável que a privatizaç­ão ocorra até o fim de 2018, em razão de entraves políticos do processo.

Entre os pontos em discussão, está o número de hidrelétri­cas da Eletrobras que deverão aderir à mudança de regime comercial, que garante a possibilid­ade de vender energia mais cara no mercado.

Coelho Filho reforçou que a privatizaç­ão será feita por meio de uma operação de aumento de capital da empresa, com a venda de novas ações a investidor­es privados.

Com isso, a fatia do governo será reduzida dos atuais 63% (consideran­do a participaç­ão do BNDES) para “algo abaixo de 50%”.

Os recursos obtidos com a venda das ações serão usados pela estatal para pagar uma espécie de outorga pela mudança no regime comercial, ajudando o governo a reduzir o deficit fiscal de 2018.

O ministro disse que, caso o aumento de capital não seja suficiente para reduzir a participaç­ão da União a menos do que 50%, o governo poderá vender parte de suas ações.

E adiantou que uma das propostas em estudo é direcionar parte da receita das usinas hidrelétri­cas no Nordeste para a revitaliza­ção do rio São Francisco.

O presidente da consultori­a Thymos Energia, João Carlos Mello, lembra que a privatizaç­ão da Eletrobras deve demandar a aprovação, pelo Congresso, da revisão do tratado de Itaipu, uma vez que a fatia brasileira na hidrelétri­ca binacional hoje pertence à companhia.

Outro obstáculo é a cisão da Eletronucl­ear, já que a geração nuclear é monopólio estatal, segundo a Constituiç­ão.

“Nosso temor é que a discussão sobre a Eletrobras polua o debate sobre o novo marco regulatóri­o do setor”, disse Reginaldo Medeiros, presidente da Abraceel, que reúne as comerciali­zadoras de energia. Cemig tenta nova solução para usinas com recursos de chineses folha.com/no1917941

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Ueslei Marcelino - 31.ago.17/Reuters Linhas de alta-tensão em Brasília; governo quer ter menos de 50% das ações da Eletrobras

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