Lima Duarte é artista idealista em filme
Dirigido por Guilherme Weber, ator estreia ‘Deserto’, adaptação do romance ‘Santa Maria do Circo’, de David Toscana
‘Eu vi o começo e o fim do rádio, o começo da TV e estou assistindo ao fim da TV’, diz ele, que estará em novela das 21h
“Eu penso muito nas coisas”, diz Lima Duarte enquanto repousa a xícara de café sobre a mesa. “E estou numa onda de falar o que eu penso.”
Aos 87, o ator conta ser sincero com seus diretores quando não gosta do resultado do trabalho. Aponta problemas até em seu clássico “Sargento Getúlio” (1983), de Hermano Penna. “Todos os diretores, na verdade, são grandes amigos meus. Mas que eu brigo, brigo”, ri ele.
Quanto ao seu trabalho mais recente no cinema, “Deserto”, que estreia nesta quinta (14) no circuito, Lima chama de “corajosa” a adaptação de Guilherme Weber para o romance “Santa Maria do Circo”, de David Toscana.
Weber (que assina sua primeira direção de filme) faz do universo fantástico do autor mexicano uma espécie de alegoria da formação do Brasil, tudo narrado por uma trupe de artistas mambembes.
Viajando pelo sertão, encontram água numa cidade- zinha fantasma e decidem ficar ali, cada um sorteando um papel (o médico, a prostituta, o negro, o padre etc.) para desempenhar nessa nova sociedade. Lima é o líder da trupe, um idealista que discorda do caminhar retrógrado de seus colegas.
“Com todos os diretores com que trabalhei, voltei a filmar. Quem sabe com ele [Weber] também. Até com o Manoel de Oliveira eu trabalhei de novo”, lembra Lima, que fez dois filmes, “Palavra e Utopia” (2000) e “Espelho Mágico” (2005), com o português, morto em 2015, aos 106.
Havia um terceiro projeto, uma adaptação do conto “A Igreja do Diabo”, de Machado de Assis, que Oliveira rodaria com Lima e Fernanda Montenegro. “E ainda quero ir a Portugal para comprar esse roteiro”, diz o ator.
Com Fernanda, o intérprete também gravou “O Juízo”, filme de Andrucha Waddington, e está escalado para a próxima novela das 21h da Globo: “O Outro Lado do Paraíso”,