Folha de S.Paulo

PT afasta Palocci por 60 dias por acusação a Lula

Ele disse a Moro que ex-presidente fez ‘pacto de sangue’ com Odebrecht

- CATIA SEABRA

Decisão final sobre a expulsão deve esperar até o diretório de Ribeirão Preto concluir processo de desfiliaçã­o

O PT decidiu, nesta sextafeira (22), afastar o ex-ministro Antonio Palocci do partido. Embora estivesse no hotel que sediava a reunião petista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou da votação da proposta de suspensão de seu ex-ministro da Fazenda.

A própria presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, encaminhou a proposta. Pela decisão, Palocci fica afastado por 60 dias até que o diretório de Ribeirão Preto, sua cidade de origem, conclua o processo de desfiliaçã­o.

“Ele mentiu contra o partido, contra a liderança de Lula, compromete­ndo Lula”, disse Gleisi.

Como Palocci está preso, a medida tem caráter simbólico. A proposta foi aprovada por unanimidad­e em uma votação que consumiu um minuto.

Palocci disse, em depoimento ao juiz Sergio Moro, que o ex-presidente selou um “pacto de sangue” com a empreiteir­a Odebrecht.

Em um primeiro momento, os dirigentes do PT de Ribeirão Preto resistiram à abertura de processo contra Palocci. Mas sucumbiram à pressão do presidente estadual do PT, Luiz Marinho.

Em nota, o Diretório Nacional do PT afirmou que “ao mentir, sem apresentar provas e seguindo um roteiro pré-estabeleci­do em seu depoimento na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba, no último dia 6 de setembro, Palocci colocou-se deliberada­mente a serviço da perseguiçã­o político-eleitoral que é movida contra a liderança popular de Lula e o PT”.

Em outra resolução, o PT afirma que a candidatur­a de Lula é “irrevogáve­l”.

“O ataque a Lula configura um ataque à democracia brasileira, especialme­nte, ao direito inviolável de escolha da cidadã e do cidadão”, diz o texto.

“As espetacula­res manifestaç­ões de apoio popular à caravana Lula Pelo Brasil, em sua passagem pelo Nordeste, confirmam o que as pesquisas já indicavam: Lula é a única liderança política capaz de mobilizar a esperança do povo na retomada da democracia, do desenvolvi­mento e das conquistas sociais.” OUTRO LADO O advogado de Palocci, Adriano Bretas, disse que não recebeu qualquer notificaçã­o do partido e só se manifestar­á após ser formalment­e informado.

Bretas disse ainda que Palocci avalia a possibilid­ade de deixar o partido. A decisão deverá ser tomada na semana que vem.

Palocci foi ministro da Fazenda do primeiro governo Lula e era considerad­o seu braço direito.

Em depoimento a Moro, o ex-ministro disse que a relação entre os governos petistas e a empreiteir­a Odebrecht era movida a propina.

Segundo petistas, já havia a expectativ­a de que Palocci buscasse viabilizar um acordo de delação premiada. Mas Lula ficou abalado com os ter- mos empregados pelo antigo colaborado­r.

No seu depoimento em Curitiba, o ex-presidente afirmou que Palocci é “frio e calculista”. “Conheço o Palocci bem. Se ele não fosse um ser humano, ele seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, é calculista, é frio”, disse.

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Reprodução O ex-ministro da Fazenda em depoimento a Moro, em 6/9

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