Folha de S.Paulo

‘Há milhões de problemas com o islã’, diz líder

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DA ENVIADA A MAGDEBURGO

André Poggenburg, 42, vê uma Alemanha ameaçada pelo islã e devolve a ameaça: “O islã aqui não tem lugar”.

Líder do partido nacionalis­ta Alternativ­a para a Alemanha (AfD) na SaxôniaAnh­alt, onde a legenda teve o melhor desempenho eleitoral até o momento em uma eleição estadual (24,2%), Poggenburg diz que o país vive “milhões de problemas” por causa da religião: “Há sociedades paralelas; partes de grandes cidades onde vigora a lei islâmica”.

Leia trechos de sua entrevista à Folha.

Folha – O que é a Alternativ­a para a Alemanha?

André Poggenburg – Somos um partido jovem reformista, de renovação e patriótico. Achamos que a política se alijou do cidadão comum e que os representa­ntes do povo não o representa­m. As pessoas estão insatisfei­tas, o que gera consequênc­ias políticas.

Um caso é a União Europeia, quando a Alemanha se tornou o principal pagador dos pacotes de ajuda a membros endividado­s da zona do euro. As pessoas acham que é preciso deixar essa estrutura da UE, a zona do euro, que tem para nós custo insustentá­vel.

Outro fator é a imigração em massa. Em 2015, a chanceler da Alemanha decidiu por conta própria abrir as fronteiras e muita gente na nossa pátria não aceitou isso bem.

Claro que havia gente que de fato era refugiado e precisava de ajuda, mas muitos se aproveitar­am para vir para cá por uma vida melhor. Estão no direito deles, mas para nós cria problema. Fora que também vieram muitos ilegais.

E trouxeram o islã. Os valores do islã não pertencem à Alemanha e à Europa. Na Alemanha todos devemos seguir a lei fundamenta­l; daí vem o islã e diz: “não, minha lei fundamenta­l é a sharia”. Por isso, sempre haverá confronto.

Há tempos os partidos de esquerda lutam pela igualdade entre homens e mulheres, pela inclusão dos homossexua­is. Aí vem uma religião que questiona esses valores, e os partidos de esquerda dizem que não se pode combatê-la. Já há milhões de muçulmanos que vivem na Alemanha. O que aconteceri­a com eles?

Sim, e existem milhões de problemas na Alemanha com os muçulmanos. Há sociedades paralelas; em partes de algumas grandes cidades já não vigora a lei alemã, vigora apenas a lei islâmica; há represália­s; há meninas que já não vão mais à escola regular, que já não têm liberdade de sair sozinhas. Há cada vez mais ataques sexuais.

As pessoas querem um partido que diga não ao islã. Quais as prioridade­s da AfD no Parlamento?

Uma das principais será segurança. Há dois aspectos: um, os danos causados pela imigração em massa e pelo islã; dois, o extremismo de esquerda. Não há dúvida de que há extremismo de direita na Alemanha, ao qual também somos contra. Mas há só uma iniciativa contra o extremismo de esquerda, iniciada aqui em Magdeburgo pela AfD. A liderança nacional da AfD o repreendeu por suas declaraçõe­s sobre “a Alemanha para os alemães”. O que diz?

A Alemanha não deve ser influencia­da por forças exteriores, e sim obter sua força de dentro e influencia­r os demais. Se um francês diz “A França para os franceses” isso não é problema.

Com a nossa história e pelo fato de partidos realmente extremista­s como o NPD terem usado a frase, ela causa barulho. Mas se uma afirmação é correta, devemos poder usála. A liberdade começa com a livre expressão. (CV) Bremen*

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