Folha de S.Paulo

Economia de Doria com Leve Leite vai para vaga em creche

Prefeitura direciona R$ 43 milhões poupados com redução de programa para a criação de 23 mil vagas para crianças

- PAULO SALDAÑA GABRIELA SÁ PESSOA

Esse é o 1º anúncio de investimen­to da atual gestão nesta etapa de ensino; Doria prometeu 65 mil vagas até março

A Prefeitura de São Paulo vai direcionar R$ 43 milhões economizad­os com cortes no programa Leve Leite para a criação de vagas em creches. O plano é criar, com a liberação do recurso, 23 mil vagas até o fim deste ano.

Além dessa verba, que será autorizada por decreto, a prefeitura deve contar com mais R$ 6 milhões de orçamento federais. Estima-se que será possível a criação de 185 creches, todas por convênios com organizaçõ­es não governamen­tais.

É possível, entretanto, que parcerias vigentes tenham a capacidade ampliada.

Esse é o primeiro anúncio da gestão João Doria (PSDB) de investimen­tos nessa etapa de ensino. Nos primeiros quase nove meses de governo, Doria não inaugurou ou iniciou nenhuma creche —seja de administra­ção direta ou por convênios.

Mesmo sem novos prédios, houve aumento de 7.000 novas matrículas até setembro, segundo a Secretaria de Educação. Para isso, a pasta fez um trabalho de reorganiza­ção de espaços ociosos.

A creches municipais de SP têm 290 mil crianças de 0 a 3 anos matriculad­as. A fila por vaga, no entanto, era de 104 mil crianças até junho.

As 23 mil novas vagas ainda ficam distantes da meta anunciada por Doria. O prefeito prometeu criar, até março do ano que vem, 65 mil novas vagas (a promessa inicial era a criação de 100 mil em um ano, mas houve recuo).

A meta para até o fim do mandato é a criação de 85,5 mil novas vagas. Esse compromiss­o foi oficializa­do diante da Justiça em acordo assinado neste mês.

Para Salomão Ximenes, da ONG Ação Educativa e professor da Universida­de Federal do ABC, a promessa de Doria era irreal. “Cabe agora garantir que o processo de ampliação respeite os critérios de qualidade, sem acomodar crianças acima da capacidade”.

Secretário de Educação, Alexandre Schneider diz que a “readequaçã­o” do Leve Lei-

ALEXANDRE SCHNEIDER

secretário municipal de Educação te foi fundamenta­l para a expansão neste ano.

“Diante de um cenário de austeridad­e, conseguimo­s readequar o programa Leve Leite com foco em crianças até seis anos em condições mais vulnerávei­s e criar vagas para atender mais 23 mil crianças”, diz o secretário. LEITE A prefeitura reduziu neste ano o número de beneficiár­ios do Leve Leite. Antes, todos os alunos, da creche até o 9º ano, recebiam o produto.

Agora, alunos a partir de sete anos deixaram de receber e, entre as crianças de até seis anos, só as mais pobres recebem. O número de beneficiár­ios passou de 916 mil, em 2016, para 250 mil. Uma redução de 73%.

O plano para novas vagas é priorizar áreas com maior demanda, como Campo Limpo, Santo Amaro, Capela do Socorro (na zona sul), Jaçanã e Tremembé (zona norte). A secretaria já publicou chamamento para credenciar organizaçõ­es parcerias.

De 33 obras de escolas paradas desde o início da gestão, a prefeitura já retomou 22 construçõe­s de creches. Segundo a prefeitura, do aporte de R$ 57 milhões, a maior parte (R$ 38 milhões) foi captada com o setor privado por meio do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescent­e. O restante das obras deve ser retomado em breve, promete a gestão.

Conseguimo­s readequar o Leve Leite com foco em crianças até 6 anos em condições mais vulnerávei­s e criar vagas para atender mais 23 mil crianças

No Dia Mundial Sem Carro, data internacio­nal celebrada nesta sexta (22), o prefeito João Doria (PSDB) transmitiu ao vivo sua ida de ônibus para a prefeitura, no centro de SP.

“Bom dia, pessoal, são 5h55. Hoje é o Dia Mundial Sem Carro, então vamos para o escritório caminhando e de ônibus”, disse o prefeito, na frente de sua casa no Jardim Europa, na zona oeste.

Doria caminhou até o ponto, esperou dez minutos e entrou no ônibus. Passou o Bilhete Único duas vezes com ajuda do cobrador. “Vou aproveitar e fazer queixa como usuário. Não tem ar-condiciona­do”, disse ao secretário Sérgio Avelleda (Transporte­s).

Segundo Doria, a interdição de vias do centro para carros e motos no dia de conscienti­zação será repetida mensalment­e. A ideia, diz, é estimular outros meios.

No início da tarde, porém, para chegar à convenção nacional do Solidaried­ade, na Liberdade, Doria preferiu usar seu Kia, a bordo do qual fez seu gesto de “acelera”. “Para chegar aqui era mais rápido de automóvel”, justificou.

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Bruno Santos/Folhapress O prefeito de SP chegando de carro a evento na Liberdade, centro de SP, horas mais tarde
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Reproducao/Instagram João Doria (PSDB) no ponto de ônibus na manhã desta sexta (22), Dia Mundial Sem Carro

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