Folha de S.Paulo

Juca Kfouri vasculha baú de memórias

Colunista da Folha lança o livro ‘Confesso que Perdi’, que alterna histórias sobre futebol, política e jornalismo

- NAIEF HADDAD

Jornalista de 67 anos critica a atuação da imprensa brasileira nos dias de hoje e lembra a amizade com Sócrates

Em 1989, a “Placar” publicou uma reportagem sobre o entusiasmo da torcida palmeirens­e com a boa campanha do time no Campeonato Paulista. Sob o comando do corintiano Juca Kfouri, a revista destacou chamada na capa: “A Fiel verde está feliz”.

Dias depois, o jornalista chegou ao Pacaembu para acompanhar um jogo do Corinthian­s e logo viu, do outro lado da arquibanca­da, uma faixa da Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do clube. “Juca Kfouri, só existe uma Fiel Torcida”, dizia.

No intervalo da partida, ainda ouviu um coro: “Ê, ê, ê, o Juca vai morrê”.

Apesar do susto, ele saiu ileso do estádio e, 28 anos depois, lança, pela Companhia das Letras, o livro de memórias “Confesso que Perdi”, em que conta episódios como esse do Pacaembu.

Embora o futebol tenha grande presença na trajetória do colunista da Folha ,a obra não se restringe às histórias do esporte.

Aos 67 anos, Juca revive seus anos de militância na ditadura militar, sua participaç­ão na campanha das Diretas-Já e seus contatos com os presidente­s da República da história recente do país.

Ao longo das 248 páginas, há ainda lembranças da amizade com Sócrates e da relação instável com Pelé, além de recordaçõe­s das experiênci­as à frente das Redações de “Placar” e “Playboy”.

Futebol, política e jornalis- de memórias de Juca Kfouri, será lançado em São Paulo no dia 3 de outubro (terça), às 19h. O evento vai acontecer na livraria Saraiva do shopping Higienópol­is. Em Belo Horizonte, a sessão de autógrafos será no dia 17 do mesmo mês, na livraria Leitura, no shopping Savassi, às 19h. O evento em Campinas ocorrerá em 24 de outubro na Saraiva do shopping Iguatemi, às 19h. mo alternam-se, portanto, ao longo de 21 capítulos, em estilo fluente e descontraí­do.

“Nunca planejei nada em minha vida”, escreve Juca, que, entre 1968 e 1975, conciliou a ação na clandestin­idade, a vida como estudante de ciências sociais da USP e o trabalho na editora Abril.

Justamente na estreia da seleção na Copa de 1970, ele soube da morte de Norberto Nehring, um de seus ídolos da juventude.

Membro da ALN (Aliança Libertador­a Nacional) como Juca, Nehring havia acabado de voltar ao Brasil depois do exílio em Cuba quando foi torturado e morto pelos agentes da ditadura.

Ainda hoje, o jornalista não se conforma com o fato

 ?? Eduardo Anizelli/Folhapress ?? O jornalista Juca Kfouri na sala do seu apartament­o no bairro de Higienópol­is; “nunca planejei nada na vida”, afirma
Eduardo Anizelli/Folhapress O jornalista Juca Kfouri na sala do seu apartament­o no bairro de Higienópol­is; “nunca planejei nada na vida”, afirma

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil