Folha de S.Paulo

Enquete com moradores aponta lixo nas ruas entre principais problemas

Movimento de pessoas que vivem, trabalham ou estudam no centro faz mapeamento de desafios

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FOLHA

O lixo nas ruas é um dos principais problemas da região central, segundo enquete feita pelo Renova Centro 20/30, movimento de pessoas que moram, mantêm negócios, trabalham ou estudam na área. A enquete ouviu 142 pessoas da região em outubro do ano passado.

Jorge Duarte, presidente do Conselho de Desenvolvi­mento Local da Fecomercio, participa do grupo e explica que tudo começou há um ano, com o objetivo de mapear desafios da região, desenhar propostas e encaminhá-las.

O estudo aponta que o descarte de lixo é mal feito. Além disso, faltam lixeiras. O movimento também cobra do poder público o mapeamento dos grandes geradores de lixo, para que se exija deles o cumpriment­o da lei.

Eduardo Odloak, que comanda a Prefeitura Regional da Sé, diz que a varrição e a coleta de lixo no centro são satisfatór­ias e que o problema está numa cadeia que envolve a forma de descarte praticada por comerciant­es e sucateiros clandestin­os.

“A coleta urbana é voltada ao lixo doméstico. Os grandes geradores de lixo são obrigados por lei a contratar uma empresa, e muitas vezes não o fazem”, afirma.

A resposta tem sido orientar os fiscais e aumentar a fiscalizaç­ão, diz Odloak. “O sucateiro irregular abre o lixo, recolhe o que interessa e descarta o restante em qualquer lugar ou deixa aberto na rua.”

Quem compra esse lixo também está na mira da prefeitura. “Já fechamos 14 áreas irregulare­s que compram esse tipo de lixo”, diz Odloak.

As calçadas são outra prioridade do Renova Centro 20/30, em razão dos buracos e da baixa acessibili­dade.

Para dar visibilida­de ao problema, o grupo prepara caminhada para o dia 21 de outubro que deve envolver pessoas com deficiênci­a física e registrar as dificuldad­es.

Segundo Duarte, falta um “diálogo permanente” entre poder público e comunidade. QUARTEIRÕE­S ADOTADOS A necessidad­e de envolver a comunidade e de fazer a ponte com o poder público motivou o Instituto Porto Seguro a criar a Associação Campos Elíseos Mais Gentil. A Porto Seguro, que tem sede em Campos Elíseos, incentiva seus funcionári­os a praticar o voluntaria­do, liberando-os duas horas por semana para esse tipo de trabalho. Nesse âmbito nasceu a ideia de adotar 32 quarteirõe­s ao redor da empresa e mapear problemas de zeladoria, como vazamentos, buracos em ruas e calçadas, lixo e falta de iluminação, entre outros.

A associação criou um site e um aplicativo por meio dos quais os cidadãos podem reportar os problemas. A entidade abre a reclamação na prefeitura e monitora o atendiment­o até a resolução.

A taxa de sucesso é alta. No ano passado foram registrado­s 1.256 protocolos na Prefeitura Regional da Sé, com 80% das questões resolvidas, informa Fabio Luchetti, CEO da Porto Seguro.

Luchetti percebe, entretanto, uma crise de confiança nos procedimen­tos oficiais para a resolução de problemas. Na sua visão, as trocas de governo geram grande oscilação na interlocuç­ão e na condução dos trabalhos. “Alguns assuntos deveriam ser apartidári­os, como a questão da calçada”, diz (AM).

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