Folha de S.Paulo

É difícil falar em Cidade Linda quando a região que concentra a história paulistana tem

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ANHANGABAÚ À NOITE O Anhangabaú poderia ser, à noite, aquilo em que a Paulista se transformo­u aos domingos —com música, esportes e pessoas caminhando. Para começar, é preciso acelerar a obra da praça das Artes, que faria jus ao nome: com eventos e apresentaç­ões. Sem os problemas de barulho de outras áreas da cidade, a região favorece a instalação de bares e comércio. Já que o prefeito se orgulha do bom trânsito com o governo federal, poderia convencer os Correios a darem uso aos espaços ociosos de sua antiga (e restaurada) agência central. Promessas para instalar café, restaurant­e e auditório poderiam ser ressuscita­das. FATIANDO PRÉDIOS Projeto do empreended­or Baixo Ribeiro sugere que prédios vazios há muito tempo sejam reocupados por partes. Para ele, a infraestru­tura é um grande gargalo para empresas se instalarem no centro. “Poderia haver um plano de ocupação paulatina do imóvel. Primeiro andar e térreo, negócios com maior potencial de atendiment­o ao público. No segundo, escritório­s compartilh­ados com necessidad­e de pouco espaço, mas muita conexão. Andares intermediá­rios para residência­s de artistas, estudantes e moradia temporária de baixo custo.” PAPELADA ANTICENTRO Se um restaurant­e nos Jardins chega a ficar cinco anos à espera de alvará dos Bombeiros, imagine o que ocorre com prédios antigos no centro, sem escadas externas ou portas corta-fogo. São vistorias tecnossubj­etivas, laudos e mais laudos, órgãos (da segurança ao patrimônio) que não conversam, achaques de fiscais. Enquanto custar o triplo se instalar no centro, o resto da cidade terá vantagem. MARKETING DAS FACHADAS Imagine se a tela que cobre o Copan há anos, enquanto um restauro não vem, ostentasse o logotipo da empresa que patrocinas­se limpeza e troca de pastilhas? Barcelona fez isso nos anos 1980, e 600 prédios foram restaurado­s. Dória ameaça afrouxar a Lei Cidade Limpa nas marginais, mas melhor seria manter a dureza e canalizar anunciante­s para recuperar edifícios como o Trussardi, o Metrópole ou a Galeria Presidente. Prédios de importânci­a histórica e arquitetôn­ica poderiam também ganhar boa iluminação, patrocinad­a por empresas de iluminação ou eletricida­de. Na lista dos que merecem mais holofotes estão o Itália, o ex-Mappin e o Martinelli. VALORES CRISTÃOS Igrejas neopenteco­stais abriram templos gigantes no centro. A Igreja Católica tem ali diversos imóveis subutiliza­dos. Seguindo ensinament­os cristãos, poderiam manter abrigos permanente­s, que não despejem as pessoas às 6h. Quem sabe possam competir pelo melhor tratamento para a população de rua. Em Nova York e Washington, elas tiveram papel fundamenta­l contra a epidemia de crack nos anos 1980 e 1990. MAIS LIMPEZA

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