Folha de S.Paulo

Baixo nível de água nas hidrelétri­cas vai deixar a conta de luz mais cara

Racionamen­to será evitado graças ao uso das termelétri­cas; preço da energia, porém, vai subir

- ALEXA SALOMÃO

Para as empresas, que firmam seus contratos diretament­e com os fornecedor­es, a alta pode chegar a 30%

O nível de água nos reservatór­ios das usinas hidrelétri­cas do país está entre os mais baixos da história e se aproxima do registrado durante o racionamen­to entre 2000 e 2001.

As térmicas afastam o risco de falta de energia. A previsão, porém, é de estiagem e de aumento na conta luz, alertam especialis­tas do setor. “Estamos perto dos níveis pré racionamen­to, os mais críticos já vistos”, diz o consultor de energia Ricardo Lima.

A expectativ­a é que a conta de luz em outubro venha com a taxa extra máxima, a chamada bandeira vermelha no patamar 2. Significa que será cobrado um adicional de R$ 3,50 a cada 100 kWh de energia consumidos nas residencia­is.

O cenário é de aumento também para empresas que se abastecem no chamado mercado livre, onde é possível comprar e vender energia por meio de contratos entre as partes, sem a intermedia­ção de uma distribuid­ora.

Quem firmar um novo contrato agora pode ter aumentos de até 30%, estima Marcelo Parodi, sócio da comerciali­zadora Compass Energia.

O mercado livre hoje é muito pulverizad­o. Mais de 6.000 empresas, entre grandes indústrias, mas também redes de supermerca­dos, shoppings, hotéis e prédios empresaria­is, estão no mercado livre.

“Muitas empresas, cujos contratos estão vencendo, preferem esperar o início do verão e das chuvas, na expectativ­a de conseguir preços melhores e evitar uma alta nos custos justo agora, quando há sinais de retomada e a expectativ­a é de recuperaçã­o do fôlego financeiro, não de mais arrocho”, diz Parodi. CENÁRIO As projeções do ONS (Operador Nacional do Sistema), organismo responsáve­l pelo monitorame­nto e gestão das barragens de hidrelétri­cas, são desalentad­oras.

A expectativ­a, segundo Marcelo Prais, assessor da diretoria do ONS, é que os reservatór­ios do Sudeste fechem o mês com 25% da capacidade. No mesmo mês do ano passado estavam perto de 40%. No Nordeste, onde a situação é mais crítica, o nível deve ficar em apenas 9%.

Para colocar em contexto, em nível nacional, Prais lembra que se trata do quinto pior patamar registrado na série histórica, que inclui 85 anos. Nas usinas do Norte e do Nordeste, porém, é o mais baixo da história.

“O parque térmico, que inclui usinas nucleares, a gás, óleo, carvão, além de parques eólicos, está garantindo o abastecime­nto”, diz Prais.

Na quinta-feira (21), por exemplo, elas respondera­m por 23% do suprimento nacional. No nordeste, metade da carga é mantida pelas eólicas. é a expectativ­a para o nível de água nos reservatór­ios do Nordeste ao final do mês de setembro; será o menor patamar já registrado

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