Folha de S.Paulo

Disputa com base aliada pode gerar perda de R$ 3 bi

Governo tem dificuldad­es para aprovar MP de outorgas de aeroportos

- BRUNO BOGHOSSIAN LAÍS ALEGRETTI

Auxiliares de Temer querem que texto vire lei para dar segurança jurídica a negócios com as concession­árias

cional Tom Jobim, e R$ 1 bilhão da GRUAirport, concession­ária responsáve­l pelos terminais de Guarulhos.

A área técnica do governo entende que os pagamentos serão garantidos mesmo que o texto perca a validade, uma vez que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) aprovou o novo cronograma enquanto a MP estava em vigor.

O Palácio do Planalto, entretanto, teme questionam­entos em relação a esses contratos, que poderiam levar ao adiamento dos pagamentos. O governo conta com o dinheiro ainda neste ano para fechar as contas e evitar o estouro da meta fiscal.

Auxiliares de Michel Temer querem ver o texto transforma­do em lei para dar segurança jurídica aos negócios fechados com as concession­árias, além de permitir que as empresas que administra­m outros aeroportos possam apresentar propostas similares.

A MP foi editada em maio, depois que o Ministério dos Transporte­s publicou portaria que criou parâmetros para a reprograma­ção do calendário de pagamento das outorgas dos aeroportos. As concession­árias alegavam dificuldad­es financeira­s para cumprir o cronograma inicial.

O objetivo do governo era dar mais segurança jurídica a essas regras, no momento em que a gestão de Temer tenta atrair investidor­es para grandes obras de infraestru­tura.

O texto permite que, a pedido da concession­ária, sejam feitos aditivos nos contratos para mudar o cronograma de pagamentos. A regra central da medida é que, quanto mais a concession­ária estiver disposta a adiantar esses desembolso­s, mais poderá reprograma­r os recolhimen­tos futuros.

Com a MP em vigor, a Anac aprovou mudança nas datas de pagamento de outorgas dos aeroportos de Guarulhos (SP) e do Galeão (RJ).

A tramitação do texto na comissão especial criada para analisar a medida, porém, atrasou devido à falta de mobilizaçã­o de partidos da base de Temer, segundo articulado­res do Planalto.

O relator da MP, deputado Mário Negromonte Jr. (PPBA), nem sequer apareceu no dia da votação na comissão, na quarta-feira (20).

“O governo estava negociando com a oposição, e eu não fazia parte dessa articulaçã­o. Tinha agendas nos ministério­s e no Palácio do Planalto. Fui cuidar da minha vida, não foi culpa minha”, disse Negromonte Jr.

O relatório do deputado estava pronto desde o início do mês, mas o governo levou quase três semanas para conseguir quorum para a votação. Integrante­s da equipe de Temer alegam que insatisfaç­ões no Congresso têm criado dificuldad­es para mobilizar deputados e senadores em comissões que votarão matérias importante­s para o Planalto.

A Anac informou que aguarda a votação da MP. A depender do resultado, diz que adotará as “medidas cabíveis” caso seja necessário.

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Zanone Fraissat - 3.ago.2017 Folhapress Terminal 3 do aeroporto de Guarulhos, na Grande SP

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