Folha de S.Paulo

Estatal de MG promete ir à Justiça para barrar leilão de 4 hidrelétri­cas

Presidente da Cemig critica governo Temer e pede mais prazo

- MARIANA CARNEIRO

O presidente da Cemig, Bernardo Salomão de Alvarenga, afirmou nesta sexta (22) que a estatal vai recorrer à Justiça para evitar que quatro hidrelétri­cas que eram da empresa sejam leiloadas na próxima quarta-feira (27).

“Mesmo se houver leilão, quem levar as usinas terá problemas sérios conosco. Vamos tentar sustar o leilão e, mesmo depois, não vamos desistir de defender os nossos direitos”, afirmou.

A estatal mineira tenta convencer o governo federal a adiar por até 15 dias o leilão, alegando que o TCU (Tribunal de Contas da União) “atrapalhou” as negociaçõe­s ao interferir no assunto.

“O TCU tentou impedir a gente de conversar. Não existe nada mais retrógrado. Foi uma armadilha, e o governo se aproveitou disso para não negociar”, disse Salomão.

Ele afirmou estar indignado com a atuação de funcionári­os do governo de Michel Temer no caso. Diz que os mesmos técnicos que criaram a MP 579, que mudou as regras do setor no governo Dilma Rousseff e originou o problema, continuam atuando contra a empresa.

A MP de 2012, na prática, tentava forçar as empresas a baixar o preço da energia, sob pena de perderem as concessões de hidrelétri­cas.

A Cemig devolveu as quatro usinas ao governo, mas nunca aceitou a decisão e recorreu à Justiça, alegando que em três delas (São Simão, Jaguara e Miranda) a concessão deveria ser renovada automatica­mente.

O STF ainda não deu a palavra final sobre o impasse, e o ministro Dias Toffoli recomendou que empresa e governo tentem se entender.

A equipe econômica alega que a Cemig não tem os recursos necessário­s para arrematar a concessão das quatro hidrelétri­cas, avaliadas em R$ 11 bilhões.

Segundo Salomão, a Cemig já tem quase pronta a operação financeira para garantir o recursos à União. Eles chegaram a conversar com investidor­es chineses, mas as tratativas não avançaram.

A alternativ­a encontrada é a Cemig usar R$ 1,1 bilhão que tem a receber da União para pagar pela usina de Miranda. Para São Simão, a maior delas, já acertou uma sociedade com a Vale.

Volta Grande poderia ser devolvida. A incerteza remanescen­te é sobre Jaguara, para a qual a empresa tenta fechar um empréstimo de R$ 1,9 bilhão no mercado. O Citibank é um dos candidatos a entrar no financiame­nto. “Teremos o dinheiro para pagar a União em 30 de novembro, mas eles querem que comprovemo­s agora se temos os recursos. Por isso, precisamos de mais tempo”.

A entrega de ofertas foi aberta na quinta (21). A Cemig fez uma proposta, em sociedade com a Vale. O governo não divulgou balanço dos interessad­os.

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Divulgação Usina de São Simão; Cemig pretende manter a hidrelétri­ca em parceria com a Vale
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