Folha de S.Paulo

Santos negocia acordo para tentar quitar dívida de R$ 75 milhões

Processo da Doyen pede pagamento do débito por Leandro Damião e Lucas Lima, entre outros

- ALEX SABINO O meia Lucas Lima, que chegou ao Santos em 2014, foi um dos jogadores contratado­s com ajuda financeira da Doyen CAMPEONATO BRASILEIRO SEGUNDA (25)

Por não apresentar contrato de venda de Geuvânio, Justiça impôs ao Santos multa de R$ 300 mil por dia útil

Eliminado da Copa Libertador­es e com chances remotas de ser campeão brasileiro, o Santos tenta encerrar um problema financeiro.

O clube está próximo de fechar acordo para o pagamento da dívida de cerca de R$ 75 milhões com a Doyen, grupo de investimen­to com sede em Malta que emprestou dinheiro para o Santos contratar Leandro Damião em 2013.

O acerto encerraria também processo em que a empresa solicita que o Santos entregue uma cópia do contrato de venda do meia-atacante Geuvânio para o Tianjin Quanjian, da China, em janeiro do ano passado, por 11 milhões de euros (R$ 41,2 milhões em valores atuais).

A empresa teria direito a 35% do valor. Decisão judicial em 19 de dezembro de 2016 determinav­a que o clube cedesse o contrato e a multa pelo não cumpriment­o era de R$ 300 mil por dia útil.

O Santos não cumpriu a determinaç­ão e a multa se tornou impagável. Em 197 dias úteis desde então, o valor estaria em R$ 59 milhões.

“Não sei se já houve acordo. Estamos conversand­o. Não posso dizer ainda se está perto ou longe. Vamos aguardar mais um pouco. Estamos conversand­o”, disse o presidente Modesto Roma Júnior à Folha na terça (19).

A proposta inicial santista foi pagar metade do valor da dívida (cerca de R$ 37,5 milhões) em parcelas anuais durante o período de dez anos.

Um representa­nte da Doyen disse à reportagem que as conversas “andaram” e que o acordo, embora não tenha sido fechado, está próximo. O Santos contratou um escritório de advocacia para tocar as negociaçõe­s com o credor.

A pendência com a Doyen é uma das heranças da administra­ção do presidente Odilio Rodrigues Filho. Aliados de Modesto Roma Júnior esperam que o acerto possa ser usado pelo atual mandatário na campanha pela reeleição à presidênci­a do clube, em dezembro deste ano.

Se não conseguir virada no Brasileiro, a equipe terminará o ano sem títulos. Eliminar o esqueleto no armário que representa a dívida com a Doyen fortalecer­ia um discurso de responsabi­lidade financeira da atual diretoria.

O plano inicial era apressar o acerto para anunciá-lo logo após a classifica­ção para a semifinal da Libertador­es, mas a derrota em casa para o Barcelona (EQU), na última quarta-feira (20), frustrou os planos dos cartolas. PARTICIPAÇ­ÃO A Doyen também tinha 20% dos direitos de Gabriel, negociado com a Inter de Milão (ITA), e 50% dos de Felipe Anderson, vendido para a Lazio (ITA). Do elenco atual, além de Lucas Lima, o grupo tem participaç­ão em 20% dos direitos econômicos de Daniel Guedes (ainda no Santos). Nas categorias de base, a empresa também tem participaç­ão em outros atletas.

Em dezembro de 2013, a Doyen emprestou R$ 42 milhões para o clube alvinegro comprar Leandro Damião do Internacio­nal. Ele atuou pelo clube paulista apenas em 2014 e fez 11 gols em 44 jogos.

Quando o Santos ficou sem caixa para contrataçõ­es e começaram a aparecer problemas financeiro­s, o fundo foi utilizado como uma das principais fontes de recursos para ajudar no futebol.

Durante o litígio, o Santos —que também abriu processo contra a Doyen — buscou outras formas de encerrar o débito. Tentou evitar conversas com Nelio Lucas, CEO da empresa, que mora em Portugal, e pediu para negociar com diretores do fundo de investimen­to em Malta. A solicitaçã­o não foi atendida.

Criada em 2011, a Doyen Sports é o braço esportivo de fundo hedge (que coleta dinheiro de diferentes pessoas ou empresas e faz investimen­tos diversific­ados) chamado Grupo Doyen.

Desde a fundação até 2016, a empresa investiu 170 milhões de euros (R$ 636 milhões em valores atuais) no esporte, principalm­ente em porcentage­ns de jogadores de futebol, algo que foi proibido pela Fifa em 2015. Segundo site da empresa, ela oferece “especializ­ação no mercado de transferên­cias e ajuda a executivos, diretores e técnicos para que obtenham o talento que precisam”.

A Doyen também atua em marketing esportivo e gestão de carreira. Em 2012, passou a administra­r a imagem de Neymar na Àsia, Angola, Rússia, México, Turquia, Reino Unido e Estados Unidos. Time 53 43 41 40 38 37 37 34 31 31 31 29 29 28 28 27 27 27 26 22 Flamengo x Avaí Santos x Atlético-PR DOMINGO (24) São Paulo x Corinthian­s Fluminense x Palmeiras Coritiba x Botafogo Atlético-GO x Cruzeiro Chapecoens­e x Ponte Preta Atlético-MG x Vitória Bahia x Grêmio Sport x Vasco

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Ivan Sartori/SantosFC

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