‘Crise JBS’ reduz abate de bois e preocupa produtores de MT
Grupo controla 11 das 22 empresas do setor que atuam no Estado
FOLHA,
Quem olha os números da bovinocultura de Mato Grosso, com 29,6 milhões de cabeças e a recente liderança nas exportações de carne bovina, ultrapassando São Paulo, pode pensar que os pecuaristas mato-grossenses estão sorrindo à toa. Porém, não é bem assim.
Produtores estão preocupados com a crise econômica e política impulsionada pela JBS no país. A empresa do grupo J&F, que concentra 50% do abate no Estado, iniciou redução do abate de boi e prazo de 30 dias para pagamento aos produtores —antes, pagava à vista.
As medidas foram colocadas em prática desde a Operação Carne Fraca e se intensificaram com o envolvimento dos irmãos Wesley e Joesley Batista em escândalos.
Nos últimos 60 dias, as indústrias frigoríficas do grupo interromperam pontualmente os abates no Estado.
Para o presidente da Acrimat (Associação de Criadores de Mato Grosso), Marco Túlio Duarte Soares, é preciso punir a JBS e seus acionistas, mas, no atual cenário, ela é fundamental aos criadores.
“Infelizmente a JBS é a maior empresa do país. Em Mato Grosso ela monopoliza o mercado e, em algumas regiões, só existe ela.”
Das 22 que empresas atuam no Estado, 11 são da JBS.
O setor pede ajuda do governo federal e do BNDES, pois há 16 plantas paradas.
O presidente do Sindicato Rural de Cuiabá, Jorge Pires de Miranda, defende que empresas de médio e pequeno porte assumam as plantas.
Um dos maiores criadores do Estado, o pecuarista Luis Olavo disse que é preciso torcer pela JBS. “Não temos alternativas no momento. Ruim com eles, pior sem eles.” TENSÃO Em Mato Grosso do Sul, o clima de tensão não é diferente. O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Maurício Saito, disse que a JBS abate cerca de 45% do total do Estado.
Por outro lado, ele disse que o momento de crise da JBS cria oportunidade para que outros frigoríficos aumentem a competitividade.
Para Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultura, só com a fomentação de pequenos e médios frigoríficos será possível fortalecer o mercado e superar monopólio na área.