Ex-governadores querem voltar ao cargo
Ao menos 15 ex-chefes de governos dos Estados estudam se candidatar novamente nas eleições do próximo ano
No Paraná, Roberto Requião pensa em se lançar ao governo; no Rio, Garotinho diz que está ‘fortalecido’
Depois de ter governado o Paraná por 12 anos nas últimas três décadas, Roberto Requião (PMDB) pensa em se lançar nas urnas mais uma vez para comandar o Estado e dá de ombros para o discurso de renovação na política.
“A novidade é bobagem”, decreta. “Numa Olimpíada, você coloca o atleta experimentado.”
Na contramão de previsões que apontam para uma disputa marcada pelo descrédito da política tradicional e pela profusão de novatos, o peemedebista e outros 14 ex-governadores estudam candidaturas para voltar ao cargo nas eleições de 2018.
O cenário de incerteza gerado pela crise política provocou um recuo de dirigentes partidários que pretendiam renovar seus quadros no ano que vem. O “recall” de nomes já conhecidos e o discurso da experiência voltaram a ser apostas.
Requião, que tentou voltar ao cargo de governador em 2014 e foi derrotado no primeiro turno, acredita que o cenário pode ser mais favorável agora. “Sem falsa modéstia, seria uma candidatura facílima. Acho que a opção do eleitor vai ser a seriedade e a experiência, não o novo.”
Além dele, são citados como potenciais candidatos os ex-governadores André Puccinelli (PMDB), em Mato Grosso do Sul, Anthony Garotinho (PR), no Rio, Ronaldo Lessa (PDT), em Alagoas, e Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo, entre outros.
Alguns desses nomes deixaram o cargo com boa avaliação popular, mas parte deles terá que enfrentar passivos políticos como baixa aprovação, derrotas nas eleições de seus sucessores e citações em escândalos de corrupção.
Garotinho, que governou o Rio de 1999 a 2002, ainda resiste a assumir uma candidatura, mas diz que pode usar a seu favor a investigação que culminou em sua prisão, durante um programa de rádio transmitido ao vivo.
“Isso aí só me fortaleceu. A perseguição é tão clara que as pessoas percebem que há algo mais por trás disso”, afirma. Sua aposta? “Acho que o povo não vai arriscar em gente inexperiente, não...”
O ex-governador fluminense foi condenado a mais de nove anos de prisão em operação que apura compra de votos na eleição de 2016 para a prefeitura de Campos, sua base política. Ele nega irregularidades no caso e recorre da decisão. O ex-governador do Rio inscreverá seu nome como pré-candidato na convenção do PR
No Maranhão, correligionários de Roseana Sarney incentivam a ex-governadora a disputar um quinto mandato no comando do Estado —apesar de ela ter deixado o cargo, em 2014, abalada por uma grave crise penitenciária e vendo seu grupo político derrotado nas urnas por Flávio Dino (PC do B).
Ela diz não ter tomado qualquer decisão sobre o próximo pleito, mas reforça a convicção de que a experiência contará pontos nas urnas.
Muitos dirigentes passaram a revisar suas estratégias depois do segundo turno da eleição suplementar para o governo do Amazonas, em agosto deste ano. Houve baixo comparecimento às urnas. O eleito foi Amazonino Mendes (PDT), com três mandatos de governador na bagagem.