Na investigação do ataque à Amia (Associação Mutual Israelense Argentina), que deixou 85 mortos em 1994.
Os argentinos vão às urnas neste domingo (22) para eleger um terço dos membros do Senado (24 vagas) e pouco menos da metade da Câmara dos Deputados (127 vagas).
As eleições de meio de mandato presidencial na Argentina costumam servir, também, de termômetro da avaliação sobre o governo, além de oferecer projeções para a corrida à Casa Rosada —a próxima será em 2019.
Se o resultado das primárias de agosto se repetir, teremos um presidente Mauricio Macri fortalecido, com sua aliança política, a Mudemos (centro-direita), ocupando mais cadeiras no Congresso.
Por outro lado, a oposição peronista deverá sair fragmentada em várias siglas e lideranças menores e a ex-presidente Cristina Kirchner, sair eleita senadora, em possível preâmbulo para disputar o cargo que ocupou entre 2007 e 2015.
A Argentina deste mês de outubro, porém, não é a mesma de agosto, e algumas tendências apontadas pelas primárias podem mudar. A seu favor, Macri tem uma economia que começou, nas últimas semanas, a sair da recessão.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) aumentou para 2,5% a projeção de crescimento do PIB para 2017, a indústria e a construção civil começam a reaquecer e a pobreza caiu quatro pontos percentuais em relação a 2016. Do lado político, o presidente se beneficia da rejeição do eleitorado a Cristina, de 40%.
Contra ele está a inflação que, embora tenha caído de 40% no ano passado para 23% até setembro, voltou a subir neste mês. Também há a perspectiva da retirada de mais subsídios às tarifas públicas e de uma reforma trabalhista que pode levar assalariados a perderem direitos.
A imagem do governo também se desgastou com o caso do artesão Santiago Maldonado,
SERGIO BERENSZTEIN
analista político que havia desparecido após confronto entre índios mapuche e a Gendarmeria (polícia federal de fronteiras) em 1º de agosto.
Testemunhas dizem que ele foi levado do local com vida pelos gendarmes, motivo pelo qual a oposição acusa os agentes de terem matado e ocultado o corpo do ativista.
Não se soube nada sobre o paradeiro do artesão até esta semana, quando seu cadáver apareceu, no rio Chubut, não muito longe do local onde havia sido visto pela última vez.
Exames de DNA confirmaram sua identidade. Criou-se um clima de comoção. Na tarde de sábado (21), ativistas de direitos humanos protestaram na Praça de Maio para protestar contra o governo nacional —a quem a Gendarmeria está vinculada.
Já para Cristina Kirchner, que venceu as primárias para o Senado na província de Buenos Aires, jogam a favor o discurso contra o “ajuste” promovido pelo governo e a perspectiva de precarização dos contratos de trabalho.
Nas pesquisas, a ex-presidente aparece perdendo para Esteban Bullrich, ex-ministro de Macri, com quatro pontos percentuais de diferença —embora os resultados dos estudos não venham se confirmando nos últimos anos.
Nessa situação, tanto Bullrich quanto Cristina seriam eleitos —são três as vagas em disputa. Eles devem se beneficiar da desidratação das candidaturas de dois peronistas: o ex-chefe de gabinete Sergio Massa, que teve 15,3% nas primárias, e o ex-ministro Florencio Randazzo, com 5,9%.
Contra a ex-presidente pesam, porém, os processos que enfrenta por enriquecimento ilícito, lavagem de dinheiro usando seus hotéis na Patagônia e obstrução da Justiça PREVISÕES PARA 2019 Para o analista político Sergio Berensztein, a entrada de Cristina levará a um redesenho do peronismo. “Se ela entrar em primeiro lugar, terá mais capital político para reunificar o peronismo, mas, se entrar em segundo, pode-se acentuar a fragmentação, dando lugar a novos líderes.”
É por isso que estão de olho no resultado peronistas como Massa e o governador de Salta (noroeste do país), Juan Manuel Urtubey. Ambos sonham em ser o candidato à Presidência de um peronismo unificado em 2019.
Do lado governista, um bom desempenho da Mudemos deve reforçar a candidatura de Macri, hoje com 50% de aprovação, à reeleição. RAIO-X 2.780.400 km² (pouco menos que AM e PA juntos) 43.590.368 (pouco menos que o Estado de SP) 0,827 (45º; Brasil é 79º) US$ 545,9 bilhões (30% do brasileiro) 8,7% (2º tri.17) 28,6% (1º sem.17) CHILE PARAGUAI BRASIL URUGUAI ARGENTINA
“Kirchner entrar no Senado em primeiro lugar, terá mais capital político para reunificar o peronismo, mas se entrar em segundo, pode-se acentuar a fragmentação
Buenos Aires