Folha de S.Paulo

REVOLUÇÃO RUSSA, 100 Revolução Russa é narrada em tuítes que imitam líderes

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no começo daquele ano.

“Todos os personagen­s aparecem de uma maneira caricata. É um trabalho jornalisti­camente bem feito e sem deturpação histórica”, avalia o professor Osvaldo Coggiola, chefe do departamen­to de história da USP.

Mas, claro, existem as sutilezas do humor. “Eles apresentam brincando conversas entre pessoas que vão se matar depois.”

Também foi criada uma conta para o “Russian Telegraph” (@RT_1917).

No dia 13 de outubro, Lênin criticou o jornal, que estampou na capa a silhueta do socialista com chifres vermelhos, uma alusão a uma capa da “Time” com Donald Trump: “Capa horrível! Mas o que mais esperar da imprensa burguesa”, disse. Ninguém se surpreende­ria se a mensagem viesse de algum político de 2017.

Na última sexta (20), o líder bolcheviqu­e respondeu a perguntas dos russos on-line.

Uma das questões veio de @OlgaPaley_1917: “Você sempre diz que ‘não se pode fazer revolução usando luvas brancas’. Você está realmente pronto para ter sangue em suas mãos?”

A resposta foi, claro, política: “Já disse antes: nossa inevitável vitória será 90% sem sangue. Além disso, encerrarem­os a guerra e salvaremos milhares de vidas”.

Neste final de outubro, as mensagens retratam o clima de rebelião contra o governo provisório. O período antecede à Revolução de Outubro (cuja data, pelo calendário ocidental, é em novembro), quando os bolcheviqu­es tomam o poder.

Kerênski, premiê do governo provisório, escreve “em nome do povo russo, que trabalhado­res de Petrogrado [São Petersburg­o] cessem atividades que podem prejudicar o bem comum”. Já Trótski diz que os bolcheviqu­es não vão negociar com um governo que traiu sua pátria.

A ausência de internet àquela época é mero detalhe, assim como o fato de que, hoje, críticas públicas ao governo russo não são exatamente bem aceitas pelo presidente Vladimir Putin.

Além disso, a efeméride tem sido pouco celebrada e noticiada no país, afirma o professor Coggiola.

Os tuítes também podem ser acessados em 1917.rt.com, que traz uma linha do tempo e informaçõe­s de contexto (com vídeos) sobre a sociedade russa naquela época. Eles falam, inclusive, sobre a imposição da lei seca no período da Primeira Guerra Mundial (1914-18) e a forte dependênci­a de cocaína dos russos.

Não será preciso aprender russo para acompanhar a história: todas as postagens são em inglês e estão agrupadas pela hashtag #1917LIVE.

Se tudo seguir o cronograma, haverá um URGENTE no Twitter do “Russian Telegraph” no dia 7 de novembro.

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