Folha de S.Paulo

USP]. Mas fiquei amarrado por chantagens sentimenta­is.

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O diretor [do filme sobre a Lava Jato] queria uma interpreta­ção pura e simples, sem perseguir o personagem.

A minha participaç­ão é pequena. Eu só entro no final, na cena da condução coercitiva do Lula [em 2016].

Em 50 anos [de TV Globo], já fiz 48 novelas, já fiz praticamen­te de tudo. Essas coisas não me atemorizam, não. gio Moro? Eu, sim. Se estivessem a Marina [Silva], o Bolsonaro e o Moro, claro que eu votaria no Moro.

A minha vida pessoal era atrapalhad­a. Nada dava certo porque em primeiríss­imo plano sempre esteve o teatro. Eu era e sou muito egoísta nesse sentido. Mirei a minha profissão. Não via mais nada em torno de mim.

Os outros amores foram eventuais. Paixões. Em termos de variação, eram ótimos. Não tinha responsabi­lidade. De galho em galho, passarinho voando. Liberdade.

Eu achava que [a vida de teatro] era cigana. Já viajei o Brasil todo, do Oiapoque ao Chuí. Fiquei me imaginando carregado de filho, de um lado para o outro. Agora mesmo, veja como minha vida é.

Fiquei em Curitiba [até os 31 anos] fazendo o que era possível numa cidade de 250 mil habitantes. Fazia rádio. Tinha um teatro próprio. Cantei em uma rede de bordéis.

E era funcionári­o público. Quer dizer, não trabalhava [risos]. Funcionári­o público não trabalha. Eu era assessor do meu pai [diretor do departamen­to de educação do PR]. Imagina! Eu escapava e ia para o teatro. Eu queria ficar lá.

No dia marcado para a nossa volta, me escondi no banheiro do vestiário do estádio do Pacaembu, onde estávamos hospedados. Mas o professor me encontrou.

O trem demorava 24 horas para chegar em Curitiba. Foi a pior viagem que eu já fiz na minha vida. Nada mais tinha graça. São Paulo era tudo o que eu queria. RIO DE JANEIRO Em 31 de março de 1964 [dia do golpe militar] eu me mudei para o Rio de Janeiro. Cheguei lá às 11h30.

Na TV tem lugar para rosto bonito e rosto feio. As histórias têm vários personagen­s e nem todos são lindos. BRASIL Eu adoro o Brasil, adoro os brasileiro­s. Mas não gosto de certas coisas. Por exemplo: o Brasil é bom, mas o nosso hino é péssimo. Deitado eternament­e em berço esplêndido ao som do mar e à luz do céu profundo, numa rede embaixo de um coqueiro que dá coco. Quem quer trabalhar?

O Brasil tem que mudar, e vai mudar pelo sufoco. De repente o hino muda o ritmo, para um funk.

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