Folha de S.Paulo

Mais do que colaborado­res

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NAS EMPRESAS, tornou-se comum chamar os funcionári­os de colaborado­res. Mas o que isso realmente significa? Colaborar é sinônimo de ajudar, contribuir, apoiar, assessorar. Ao tratar empregados como colaborado­res, a empresa atribui a eles um papel participat­ivo, em que todos fazem sua parte para que o negócio siga na direção certa.

Sem dúvida, essa foi uma mudança de visão importante em relação à forma como as empresas tratavam seus funcionári­os tempos atrás. Mas o papel do colaborado­r não deixa de ser secundário, já que ele está ajudando alguém a fazer algo.

As interações hoje são mais rápidas, mais complexas e também mais horizontai­s. Por isso, é preciso dar um passo além. Olhando para o cenário atual e, principalm­ente, para o futuro, entendo que as relações serão construída­s com base na cocriação, não apenas na colaboraçã­o.

Não devemos mais incentivar que uma pessoa apenas ajude a outra. Quando parto do pressupost­o de que estou ajudando alguém, significa que a responsabi­lidade é do outro e eu apenas colaboro para que ele atinja seu objetivo. Já quando eu sou cocriador de algo, isso significa que eu tenho um papel equivalent­e ao da outra pessoa e a mesma responsabi­lidade no sucesso da tarefa. Não importa quem fez o que: nós dois seremos responsáve­is pelo resultado, seja ele positivo ou negativo. Um não teria chegado lá sem o outro.

Juntos, sem dúvida, podemos conseguir coisas que seriam impossívei­s de realizar se estivéssem­os sozinhos. A história da humanidade comprova isso. À medida que a comunicaçã­o entre as pessoas se tornou mais intensa e mais rápida, grandes avanços ocorreram.

O desenvolvi­mento científico é o melhor exemplo. Com a internet, cientistas do mundo tiveram acesso às pesquisas de seus colegas em tempo real. Assim, um pesquisado­r pode complement­ar o saber do outro, construind­o novas teorias e desenvolve­ndo tratamento­s para doenças antes tidas como incuráveis.

Que tal, a partir de agora, encarar os colaborado­res da sua empresa como cocriadore­s? Pessoas que não apenas ajudem a empresa a alcançar um objetivo predetermi­nado, mas que construam juntas o caminho a ser perseguido, envolvendo-se em cada tarefa e sendo coautores de cada conquista?

Não basta apenas ajudar o colega, devemos ser cocriadore­s, dividindo a responsabi­lidade das tarefas

EDUARDO SODRÉ escreve na próxima semana

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