Folha de S.Paulo

Empreended­or que surge na crise sofre com inexperiên­cia

Com ou sem apoio de uma franquia, conhecimen­to de administra­ção e capital de giro são vitais para ter sucesso

- GILMARA SANTOS

FOLHA

Um em cada quatro brasileiro­s tem um negócio próprio ou está envolvido na criação de uma empresa, de acordo com dados do Sebrae e do Instituto Data Popular. Esse grupo se expande em tempos de crise.

Hoje, de acordo com um estudo do Grupo Bittencour­t, 36% dos empreended­ores entram no mercado por terem sido demitidos e não conseguire­m um novo posto.

Apenas 7% desses queriam mesmo abrir um negócio. São, em geral, pessoas sem nenhum conhecimen­to do mundo dos negócios, que procuram garantias.

“Como a franquia é uma aposta mais segura, por já ter um modelo bem estruturad­o, muitos dos que empreendem por necessidad­e têm buscado essa opção”, diz Claudia Bittencour­t, diretora da consultori­a Grupo Bittencour­t, especializ­ada no setor.

De acordo com a ABF (Associação Brasileira de Franchisin­g), a taxa de mortalidad­e das franquias é mais baixa em relação às empresas em geral: 5,1%, contra 23,4%, em dados de 2016. Ou seja, de cada 100 negócios, 23 baixam as portas em até dois anos.

Os dados trazem certo conforto, mas não certeza de sucesso. Para que o negócio dê certo, é importante verificar as unidades que já estão em funcioname­nto e a relação da franquia com outros empresário­s, além de pesquisar o negócio e buscar uma empre- MUDANÇA COMPLETA viços de podologia.

“Trabalhava no setor de autopeças. Como não conseguia me recolocar dentro da área em que tenho maior experiênci­a, resolvi arriscar e montar um negócio”, afirma Casemiro.

Ele diz que escolheu o modelo porque o suporte que recebe da franqueado­ra ajuda a diluir os riscos.

Fernando Dias pensou da mesma forma. Ele foi demitido em 2016 e procurou uma nova vaga por um ano e meio, sem sucesso.

Foi quando decidiu adquirir seu primeiro food truck da Los Ogros, rede de hambúrguer, no fim do ano passado. Hoje, ele tem três unidades.

Em ambos os casos, os empreended­ores tiveram que aprender na prática, e logo descobrira­m que parte da reserva de capital que sobrou das rescisões de contrato teria que ser reinvestid­a.

“É fundamenta­l que o novo empreended­or tenha capital de giro para manter o negócio enquanto ainda não tem faturament­o e também para se manter, já que o prazo para lucrar com a empresa pode ser longo”, diz Rizzo.

Esse ciclo que precede o lucro muitas vezes não é considerad­o, por falta de experiênci­a. Segundo o Sebrae-SP metade das pessoas que abriram um negócio no ano passado o fizeram por necessidad­e. Esse montante era de 32% em 2011, quando o mercado de trabalho estava aquecido.

Segundo Rizzo, o prazo médio para que a empresa se pague é de dois anos.

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Marcelo Justo/Folhapress O empresário Eduardo Casemiro, que perdeu o emprego no setor de autopeças e comprou franquia, em São Paulo (SP)

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