ONDE ESTÁ O DINHEIRO?
Além dos modelos tradicionais de financiamento, vale cogitar opções como investidor-anjo e linhas de crédito especiais
FOLHA
Para construir uma empresa de sucesso, não basta ter uma boa ideia, um modelo de negócio novo e um mercado bem definido. É preciso, é claro, ter dinheiro em caixa, ou o projeto pode morrer antes mesmo dos primeiros passos.
O ideal, dizem especialistas, é quando o empreendedor tem capital próprio para realizar os investimentos. Como nem sempre isso é possível, buscam-se opções.
Achar um investidor foi a solução para que Benjamin Gleason criasse a start-up GuiaBolso, em 2012.
De lá para cá, a empresa já recebeu três rodadas de investimentos em modalidades como investidor-anjo e capital semente, que totalizam cerca de R$ 90 milhões.
“O anjo é uma alternativa porque o investidor tem participação minoritária no negócio e traz seu conhecimento do mercado para a empresa”, afirma Gleason.
Por mais que o anjo não tome decisões operacionais, ele é sócio, e, por isso, o empreendedor tem que prestar contas e informar o andamento do negócio periodicamente.
Esse tipo de investidor entra na empresa já pensando em sair: assim que obtém lucro, vende sua parte.
Já o capital semente varia de R$ 500 mil a R$ 2 milhões e é dado a empresas no estágio inicial ou que precisam tirar a ideia do papel.
O presidente da ABStartups (Associação Brasileira de Start-ups), Amure Pinho, também cita outras modalidades de financiamento que têm recebido destaque: venture capital, private equity e financiamento coletivo.
“Essas são as cinco formas que as start-ups mais usam para se financiar no Brasil. O que diferencia uma da outra são os valores investidos e a fase a que se destinam os recursos”, afirma Pinho.
Start-ups podem contar ainda com aportes de incubadoras e aceleradoras.
O Cietec (Centro de Inova ção, Empreendedorismo e Tecnologia), sediado na USP, oferece linhas de crédito não reembolsáveis para inovação, com até 10% do negócio como contrapartida. EXIGÊNCIAS Para ter acesso ao dinheiro, é preciso apresentar um projeto embasado e explicar para onde vão os recursos.
“Os valores são para o pesquisa e desenvolvimento do projeto, não para a empresa”, diz Isac Wajc, consultor de linhas de fomento do Cietec.
Para especialistas, em qualquer uma das modalidades é preciso ter atenção às contrapartidas exigidas.
“Um investidor-anjo deve pedir de 1% a 10%. Já um fundo de venture capital pode exigir de 20% a 30% para negócios em estágio inicial”, explica Liliane Sartorio, gerente da Ideias de Futuro, consultoria de inovação social.
Além disso, deve-se ficar de olho em como o investidor sairá do negócio, as alçadas de decisão, a nomeação de conselheiros ou até mesmo os direitos sobre patentes.
A Desenvolve SP (Agência de Desenvolvimento Paulista), do governo do Estado de São Paulo, tem linhas de crédito com prazo de até dez anos para o pagamento. A agência já desembolsou R$ 108 milhões para inovação. 2011 2012 2013 2014 VALOR MÉDIO DO INVESTIMENTO Em R$ milhares 2015 2016