Folha de S.Paulo

Potência, seleção soviética foi usada para diplomacia

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COLABORAÇíO PARA A FOLHA

Criada em 1923, a seleção nacional da União Soviética disputou apenas amistosos nas duas primeiras décadas de existência. Só conseguiu o seu reconhecim­ento pela Fifa em 1946 após superar uma série de obstáculos políticos.

Durante os 20 primeiros anos, foi utilizada pelo regime basicament­e para estreitar laços com a Turquia, que também acabara de sair de uma revolução e declarara sua independên­cia em 1923. Foi contra os turcos que a URSS estreou nos gramados. Em 16 de novembro de 1924 venceu por 3 a 0 em Moscou. Até 1935 foram mais 14 jogos com o mesmo adversário, que já tinha o reconhecim­ento da Fifa. As partidas se alternavam entre as duas nações.

A URSS enfrentou também times de trabalhado­res da Alemanha e clubes ligados a organizaçõ­es de operários da Áustria e Escandináv­ia.

A primeira aparição em um torneio oficial foi na Olimpíada de 1952, em Helsinque. A partir daí, a URSS começou a se estabelece­r como uma potência.

Em 1960, obteve sua maior glória, o título europeu. Dois anos antes, havia participad­o da Copa pela primeira vez, eliminada nas quartas para a anfitriã Suécia.

Foi nos torneios olímpicos que o futebol soviético se mostrou dominante. Com o apelido de Exército Vermelho, teve diversos jogadores que marcaram história, sendo o mais emblemátic­o o goleiro Lev Yashin, escolhido pela Fifa em 2002 como integrante do “Time de Ouro” das Copas.

Em 13 de novembro de 1991, pouco mais de um mês antes da dissolução da URSS, a seleção fez seu último jogo. Bateu o Chipre por 3 a 0 e assegurou a classifica­ção para a Eurocopa do ano seguinte. No torneio, atuou sob a bandeira da CEI (Comunidade dos Estados Independen­tes).

O fim da URSS também gerou a formação de federações nacionais em cada uma das 15 repúblicas. Porém, a única que obteve o aval e reconhecim­ento da Fifa para a disputa da Copa de 1994 foi a russa. Alguns atletas que foram àquele Mundial poderiam ter escolhido jogar por outras seleções, como o atacante Oleg Salenko, que chegou a atuar pela Ucrânia.

De 1994 até hoje, a seleção russa nem chegou perto do sucesso da sua antecessor­a. Em três participaç­ões em Mundiais, nunca passou da primeira fase. O momento de maior glória foi o terceiro lugar da Eurocopa de 2008. As novas nações tampouco conseguira­m destaque.

Na Copa do Mundo de 2018, a Rússia joga em casa e tenta melhorar o retrospect­o. Nenhuma das outras 14 ex-repúblicas soviéticas conseguiu a classifica­ção.

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