Um poeta pernambucano que sabia das coisas
“O poeta nasce, ninguém o forma. Pode formar o escritor, mas não o poeta”. Era com essas palavras que o pernambucano Marcus Accioly explicava sua relação com a poesia.
Nascido na pequena Aliança, ele desde menino mostrava que tinha jeito com as palavras. Com o tempo, evoluiu em texto, mas manteve em suas obras as referências daquela época: os rios e pássaros de Aliança, o engenho de seu avô, as mangas que comia nas férias em Itamaracá.
Viveu toda a infância com os avós maternos, se mudando para a casa dos pais, no Recife, quando já estava com 13 anos. Pouco tempo depois, assumiu a administração do engenho do pai, apesar da idade. Por cerca de um ano, ficou sozinho em uma casa escura —aproveitou para escrever.
De volta ao Recife se formou em direito e letras e foi dar aulas na UFPE. Assumiu outros cargos como no Museu Joaquim Nabuco e no Ministério da Cultura, mas sempre resumia sua carreira em poeta.
Descrito por ele mesmo como compulsivo, Marcus acordava entre 4h30 e 5h para escrever e dispensava qualquer programa para continuar escrevendo. Era rápido com as ideias, mas fazia milhões de correções, brinca a mulher, Glória. Os poucos momentos de lazer iam para a pesca.
Várias vezes, repetiu que poeta sabe das coisas. Coincidência ou não, fez seu próprio epitáfio há cerca de dez dias e, mesmo sem qualquer doença, disse a Glória, na manhã de sábado (21), que não gostaria de ficar internado, preferiria uma morte repentina.
Morreu cerca de uma hora depois, aos 74, após um infarto. Deixa mulher, dois irmãos e cerca de 30 obras inéditas. coluna.obituario@grupofolha.com.br de Pinheiros.
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