A produção filipina de bananas para exportação vinha crescendo desde 2009, tendo
DE SÃO PAULO
Volta e meia a notícia vem à tona: a banana está ameaçada de extinção por causa de pragas. Segundo especialistas, porém, o cenário não é tão desesperador assim. Também não é nada pacífico.
Talvez o maior dos fitovilões do momento seja o fungo Fusarium oxysporum, que causa a doença conhecida como mal do Panamá.
O Fusarium invade a bananeira pelas raízes e alcança o sistema vascular da planta, atingindo caules e folhas. Uma espécie de gosma impede que os nutrientes cheguem às diversas partes da planta. A consequência é uma espécie de murchamento, que dilacera a produção de frutas.
E o espalhamento do fungo é rápido. Resistentes a fungicidas, eles podem sobreviver décadas na forma de esporos e são encontrados no solo — logo, não basta matar a bananeira e plantar uma nova.
A melhor medida a ser tomada, explica o especialista Miguel Dita, da Embrapa, é evitar que a praga se espalhe. E ela pode se alastrar muito facilmente: maquinários agrícolas, animais, e até pela água.
Na China, houve grande disseminação por meio de água para irrigação, diz Dita. “Outro problema é que o material de plantio muitas vezes é assintomático, apesar de estar infectado. Aí a doença vai junto.”
Em tempos de mudanças climáticas, essa última possibilidade causa ainda mais preocupação —grandes enchentes podem espalhar o micro-organismo de forma a tornar o manejo praticamente impossível.
O subtipo do Fusarium que assusta produtores de banana é o TR4 (tropical race 4), que tem uma predileção natural pela variedade de banana conhecia como Cavendish (ou nanica), mas que também pode afetar outras, como a prata e a maçã. Pelas contas de cientistas, a praga já afetou 100 mil hectares mundo afora. QUEDA Distribuição De origem asiática, se estabeleceu em várias partes do mundo formando um 'cinturão da banana' em regiões tropicais Nutrição Em 100 g de banana 23 g carboidratos 1g proteína 75 g água Vitaminas e minerais É rica em vitaminas C e B6, além de conter manganês, potássio e magnésio Em milhões de toneladas
MIGUEL DITA
engenheiro agrônomo
Não há variedade genética na plantação de bananas. Há milhares de hectares plantados e todas as bananeiras são susceptíveis ao fungo, um patógeno altamente especializado
chegado a 3,7 milhões de toneladas em 2014. Em 2015, despencou para 1,9 milhões de toneladas e um dos motivos foi a passagem destrutiva do TR4.
Felizmente, por ora, esse fungo parece estar restrito à Ásia, África e Oceania, o que faz com que países desses continentes concentrem esforços para a resolução do problema. “A doença ficou cerca de 20 anos restrita a países do sul da Ásia, mas em 2013 ela já apareceu na África e no Oriente Médio.”
Uma das tentativas recentes de cientistas australianos foi fazer uma linhagem geneticamente modificada da banana. A planta doadora do gene é uma bananeira selvagem que rapidamente cresceu em campos arrasados pelo TR4 na Malásia.
Depois de alguns anos, os primeiros testes de campo, cruciais para qualquer tentativa de inserção comercial, estão começando. Pode ser o alento que produtores dessas partes do mundo precisam para garantir o abastecimento da fruta, considera- IDEM
isso vai acontecer
MARCELO LEITE Hoje excepcionalmente a coluna não é publicada