Folha de S.Paulo

Destruindo riqueza

-

SÃO PAULO - A economia cresce encontrand­o soluções, em geral tecnológic­as, para reduzir ineficiênc­ias e, nesse processo, libera mão de obra.

Um exemplo esclareced­or é o do emprego agrícola nos EUA. Até 1800, a produção de alimentos exigia o trabalho de 95% da população do país. Em 1900, a geração de comida para uma população já bem maior mobilizava 40% da força de trabalho e, hoje, essa proporção mal chega a 3%. Quem abandonou a roça foi para cidades, integrando a força de trabalho da indústria e dos serviços.

Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego e não conseguem se reciclar, mas é dele que a sociedade extrai sua prosperida­de. É o velho fazer mais com menos.

A internet, com sua incrível capacidade de conectar pessoas, abriu novos veios de ineficiênc­ias a eliminar. Se você tem um carro e não é chofer de praça nem caixeiro viajante, ele passa a maior parte do dia parado, o que é uma ineficiênc­ia. Se você tem um imóvel vago ou mesmo um dormitório que ninguém usa, está sendo improdutiv­o. O mesmo vale para outros apetrechos que você possa ter, mas são subutiliza­dos.

Aplicativo­s como Uber, Airbnb e demais tecnologia­s de compartilh­amento, ao ligar de forma instantâne­a demandante­s a ofertantes, permitem à sociedade fazer muito mais com aquilo que já foi produzido (carros, prédios, tempo disponível etc.), que é outro jeito de dizer que ela fica mais rica (não discuto aqui a repartição dessa riqueza).

É claro que isso só dá certo se o poder público não estragar tudo, criando regulações desnecessá­rias que embaracem os acertos voluntário­s entre as partes. Lamentavel­mente, é isso que o Senado deve fazer ao aprovar as novas regras que burocratiz­am a oferta de serviços como o Uber, tornando-os indistingu­íveis dos táxis. Dá para descrever isso como a destruição de riqueza. helio@uol.com.br

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil