PT marca lançamento de Marinho em SP
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que está “perdoando os golpistas” e que é perseverante para “virar o jogo e trazer a democracia de volta”.
“Estou perdoando os golpistas que fizeram essa desgraça no país”, disse.
Lula discursou em Belo Horizonte, onde encerrou nesta segunda (30) sua caravana por Minas Gerais. Durante oito dias, ele percorreu 20 cidades pelo interior do Estado.
“Se o PT não tiver alternativa, se a esquerda não tiver alternativa, eu posso voltar a ser candidato”, afirmou.
A defesa da ascensão da classe média e dos programas na área de educação pautaram o discurso do petista.
Lula também criticou medidas do presidente Michel Temer (PMDB) e disse que ele “praticou um aborto no futuro do país”. Afirmou ainda que, se houve corrupção na Petrobras, a solução não é “destruir a empresa porque quem paga é o Brasil”.
O petista voltou a criticar as denúncias de corrupção contra ele e disse que quer um pedido de desculpas. “Eu e Marisa [Letícia, sua mulher, morta em fevereiro] não nascemos para roubar.”
Presente no ato em BH, a ex-presidente Dilma Rousseff foi bastante aplaudida aos gritos de “volta, querida”.
Dilma afirmou que a Justiça está sendo usada como “forma de combate político sem fundamento”.
“Vamos barrar esse golpe parlamentar comprado com dinheiro da corrupção, que está desorganizando o país e levando o caos entre os Poderes”, disse.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), que deve tentar a reeleição, foi vaiado pelo público quando seu nome era mencionado. O Estado enfrenta uma crise fiscal e Pimentel responde a denúncias de corrupção na Operação Acrônimo.
A militância petista também critica sua aliança com o senador Aécio Neves (PSDBMG) na eleição municipal de 2008. Em seu discurso, Pimentel atacou o governo Temer e o governo do PSDB em Minas. Chegou a puxar um grito de “fora, Temer”.
O líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (RJ), comparou o impeachment às tentativas de golpe contra Juscelino Kubitschek e Getúlio Vargas e elogiou Tancredo Neves, avô de Aécio. DILMA AO SENADO Nesse momento, a plateia vaiou e Lindbergh explicou: “Ele sempre esteve contra o golpe, mas, coitado, deve estar envergonhado porque Aécio quis fazer a mesma coisa com Dilma”. O senador afirmou que eleger Dilma senadora em 2018 seria “um chute na bunda de Aécio”.
O ato encheu a praça da Estação, mas a Polícia Militar não divulgou estimativa de público. A 600 m dali, na praça Sete, cerca de 200 opositores fizeram uma manifestação com o boneco inflável Pixuleko, que representa Lula como um presidiário.
O ato foi organizado pelo MBL (Movimento Brasil Livre), Vem pra Rua e Direita Minas, que apoia o deputado federal Jair Bolsonaro (PSCRJ) para a Presidência.
Reunida nesta segunda-feira (30), a bancada do PT de São Paulo marcou para 1º de dezembro o lançamento oficial da pré-candidatura do exprefeito de São Bernardo do Campo Luiz Marinho ao governo do Estado.
Dizendo-se “em sintonia” com o ex-presidente Lula, Marinho afirmou que há “chance zero de retrocesso”. Hoje na presidência estadual do partido, ele descartou a hipótese de desistir em favor do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad.
“Haddad disse que tenho o apoio dele. Ponto. Não se volta a discutir o que já está resolvido”, disse. Pela manhã, ao telefone, o ex-prefeito afirmou a Marinho que não concorrerá ao Senado.
Sem espaço no PT do Estado, Haddad vê se afastarem também as chances de concorrer à Presidência no lugar de Lula. A viagem do ex-presidente por Minas Gerais consolidou o entendimento do partido de que não há plano B para 2018.
Haddad, que chegou a ser cogitado como opção ao Planalto caso Lula seja condenado em segunda instância, foi coadjuvante na caravana, com participação igual ou menor do que a de outras lideranças. Ele não discursou em todas as cidades onde esteve e fez falas breves.
Na pesquisa Datafolha mais recente, Haddad alcançou 3% de intenções de voto no cenário mais favorável para ele. (CATIA SEABRA E CAROLINA LINHARES)