Está tudo muito instável, mas a sensação que tenho é que a classe política, o cartel,
A especialista em coligações eleitorais e financiamento partidário Silvana Krause alerta: a reforma política aprovada no Congresso vai desincentivar a criação de novos partidos, mas não irá diminuir a fragmentação que já existe.
A relação direta entre financiador e político é, segundo Krause, a chave do problema. Na opinião dela, a reforma foi pensada apenas para diminuir os desgastes de negociação na Câmara.
A professora associada da Universidade Federal do Rio Grande do Sul conversou com a Folha na semana passada, durante o 41º encontro da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), em Caxambu (MG). Folha - A senhora tem a expectativa de que a reforma aprovada traga renovação da classe política em 2018?
Silvana Krause - Ao que tudo indica, mesmo aparecendo um candidato “outsider”, os principais partidos que atuam no mercado político vão permanecer e serão essenciais para a sua eleição.
Se ele for eleito, estará completamente na mão dos partidos cartelizados —os principais, os que mais têm participação. O sistema está fragilizado, mas eles vão se articular no primeiro e no segundo turno para eleger esse “outsider”, se houver um. De que tipo de renovação estamos falando? E no Legislativo? está muito bem, obrigado. Não vai mudar porque não mexeram com o financiamento privado, o coração do problema. Como as regras para financiamento de campanhas e de partidos podem afetar a composição no Congresso?
Intuitivamente, diria que essa reforma do fundo de financiamento eleitoral vai fortalecer os cartéis partidários. Vai desincentivar a formação de novos partidos e concentrar os recursos nos que já estão atuando.
Não se sabe qual é o efeito, mas provavelmente vai resultar num número menor de partidos no Congresso. Qual o impacto para novos partidos?
Todos terão direito a fundo público para verba de campanha. Mas, se o partido não obtiver representação o bastante, não terá acesso ao fundo partidário, então aumenta o risco. Em ano eleitoral você tem o recurso, mas no resto do tempo, não necessariamente. Vai desincentivar a criação de novos partidos, mas
“
Mesmo aparecendo um candidato “outsider”, os principais partidos serão essenciais para a sua eleição “
Se ele for eleito, estará completamente na mão dos partidos cartelizados