Folha de S.Paulo

Está tudo muito instável, mas a sensação que tenho é que a classe política, o cartel,

- LUIZA FRANCO

A especialis­ta em coligações eleitorais e financiame­nto partidário Silvana Krause alerta: a reforma política aprovada no Congresso vai desincenti­var a criação de novos partidos, mas não irá diminuir a fragmentaç­ão que já existe.

A relação direta entre financiado­r e político é, segundo Krause, a chave do problema. Na opinião dela, a reforma foi pensada apenas para diminuir os desgastes de negociação na Câmara.

A professora associada da Universida­de Federal do Rio Grande do Sul conversou com a Folha na semana passada, durante o 41º encontro da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), em Caxambu (MG). Folha - A senhora tem a expectativ­a de que a reforma aprovada traga renovação da classe política em 2018?

Silvana Krause - Ao que tudo indica, mesmo aparecendo um candidato “outsider”, os principais partidos que atuam no mercado político vão permanecer e serão essenciais para a sua eleição.

Se ele for eleito, estará completame­nte na mão dos partidos cartelizad­os —os principais, os que mais têm participaç­ão. O sistema está fragilizad­o, mas eles vão se articular no primeiro e no segundo turno para eleger esse “outsider”, se houver um. De que tipo de renovação estamos falando? E no Legislativ­o? está muito bem, obrigado. Não vai mudar porque não mexeram com o financiame­nto privado, o coração do problema. Como as regras para financiame­nto de campanhas e de partidos podem afetar a composição no Congresso?

Intuitivam­ente, diria que essa reforma do fundo de financiame­nto eleitoral vai fortalecer os cartéis partidário­s. Vai desincenti­var a formação de novos partidos e concentrar os recursos nos que já estão atuando.

Não se sabe qual é o efeito, mas provavelme­nte vai resultar num número menor de partidos no Congresso. Qual o impacto para novos partidos?

Todos terão direito a fundo público para verba de campanha. Mas, se o partido não obtiver representa­ção o bastante, não terá acesso ao fundo partidário, então aumenta o risco. Em ano eleitoral você tem o recurso, mas no resto do tempo, não necessaria­mente. Vai desincenti­var a criação de novos partidos, mas

Mesmo aparecendo um candidato “outsider”, os principais partidos serão essenciais para a sua eleição “

Se ele for eleito, estará completame­nte na mão dos partidos cartelizad­os

 ?? Zhekha Amorim/Divulgação ?? A professora e pesquisado­ra de eleições Silvana Krause
Zhekha Amorim/Divulgação A professora e pesquisado­ra de eleições Silvana Krause

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil