Folha de S.Paulo

Delatores da JBS querem adiar prazo de multa

Executivos têm até 3 de novembro para apresentar novas provas de seu acordo com a PGR

- LETÍCIA CASADO

Os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, pediram a suspensão do prazo para pagar a multa fechada em seu acordo de delação premiada, assinado em 3 de maio de 2017. Joesley deve pagar R$ 110 milhões e Saud outros R$ 2 milhões.

No caso de Joesley, o valor foi dividido em dez prestações anuais —a primeira vence em 1º de junho de 2018.

Nesta segunda (30), o ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de uma conta judicial para que eles depositem o montante.

Além disso, os executivos se compromete­ram a apresentar novas provas até, no máximo, 3 de novembro, 120 dias depois do acordo. Agora, pediram a Fachin para suspender também esse prazo.

Joesley e Saud estão presos desde 10 de setembro. A prisão foi pedida pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e autorizada por Fachin .Wesley Batista —preso desde 13 de setembro, em São Paulo— também pediu mais prazo para apresentar novos documentos aos procurador­es.

Adefesasus­tentaqueos­executivos estão impossibil­itados de prestar “quaisquer auxílios na colheita de documentos ainda não juntados aos autos que possam ser apresentad­os como anexo complement­ares, por força da custódia cautelar à qual estão submetidos”. BENEFÍCIOS Os irmãos Batista são suspeitos de se beneficiar com a compra de dólares e com a venda de ações da JBS, aproveitan­do-se do impacto no mercado financeiro de seu acordo de delação premiada.

De acordo com a defesa de Wesley, ele se movimentav­a para reunir o material sigiloso a ser entregue à PGR.

“Defende, ao final, a imprescind­ibilidade da pretensão, pois o conteúdo das informaçõe­s a serem fornecidas não pode ser compartilh­ado com terceiros, sem a segurança de sigilo que as providênci­as subsequent­es certamente imporão”, informa a decisão de Fachin. RESCISÃO O ministro determinou que a PGR se manifeste sobre os pedidos. Caberá à nova procurador­a-geral, Raquel Dodge, decidir se aceita ou não os argumentos dos delatores.

Em 4 de setembro, Janot determinou abertura de investigaç­ão sobre o acordo da JBS, rescindido dez dias depois. Ele apontou indícios de omissão de informaçõe­s sobre práticas de crimes durante a negociação do acordo. O problema surgiu após os delatores entregarem novos áudios à PGR.

Na gravação, de 17 de março, Joesley e Saud indicam possível atuação do ex-procurador da República Marcello Miller no acordo de delação quando ele ainda estava no cargo, do qual se afastou em oficialmen­te no dia 5 de abril. O áudio foi entregue pelos delatores no dia 31 de agosto.

Para a equipe de Janot, houve patente descumprim­ento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificar­ia rever os benefícios.

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Marcelo Justo - 13.set.2017/Folhapress Wesley Batista, após prestar depoimento à Justiça Federal

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