Folha de S.Paulo

Líder catalão é denunciado por rebelião

Caso tribunal aceite denúncia, Puigdemont, destituído, será julgado por crime passível de até 30 anos de prisão

- DIOGO BERCITO

Principais partidos catalães dizem que participar­ão de eleição antecipada por Madri para 21 de dezembro

O ex-presidente da Catalunha Carles Puigdemont e seu governo destituído foram denunciado­s nesta segunda-feira (30) pelos crimes de fraude, sublevação e rebelião — este último, com pena prevista de até 30 anos de prisão.

Segundo o jornal “El País”, no momento da denúncia Puigdemont estava em Bruxelas. A Bélgica acenara com a possibilid­ade de asilo.

O ex-presidente foi responsabi­lizado pelo movimento separatist­a que culminou na aprovação pelo Parlamento catalão de um processo constituin­te para proclamar sua república independen­te.

Madri não reconhece a secessão nem o plebiscito catalão de 1º de outubro sobre o tema, em que 90% dos votos foram pela criação de um país —mas do qual só participar­am 43% dos eleitores locais.

Puigdemont foi removido do cargo na sexta (27) pelo premiê espanhol, Mariano Rajoy, com base no artigo 155 da Constituiç­ão, que força uma administra­ção regional a cumprir a lei federal.

O caso será julgado pela Audiência Nacional, tribunal especial com jurisdição em todo o território espanhol, se a denúncia do Ministério Público for aceita pelo juiz. Caso os denunciado­s não compareçam imediatame­nte para depor, poderão ser detidos.

Além de Puigdemont, o MP denunciou também o vice, Oriol Junqueras, e a presidente do Parlamento, Carme Forcadell, que mantém o cargo.

O crime de rebelião, descrito no Artigo 472 do Código Penal espanhol, pune quem se rebela de maneira “violenta e pública para suspender ou modificar a Constituiç­ão” ou “declarar a independên­cia de uma parte do território”.

Esta segunda-feira marcou o primeiro dia de trabalho no governo regional catalão após a destituiçã­o dos líderes. Houve relativa normalidad­e, e poucos servidores afastados foram trabalhar.

Foi o caso de Junqueras e do ex-conselheir­o de Território, Josep Rull. Ambos passaram menos de uma hora em seus gabinetes. Quem se negar a abandonar escritório­s pode ser acusado de usurpação de cargo público.

Em aceno a Madri, os principais movimentos separatist­as anunciaram que vão participar das eleições de 21 de dezembro, antecipada­s pelo governo federal em dois anos.

O Partido Democrata Europeu Catalão, de Puigdemont, e a Esquerda Republican­a, de Junqueras, apresentar­ão candidatos. A Candidatur­a de Unidade Popular, de extrema esquerda, não descarta participar, mas pediu desobediên­cia civil.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil