Folha de S.Paulo

Leilões do pré-sal renderão R$ 600 bi ao país, diz ANP

Agência eleva em R$ 200 bi estimativa de arrecadaçã­o com produção

- NICOLA PAMPLONA

Na sexta-feira passada, seis áreas do pré-sal foram leiloadas, com ágio que chegou a superar os 673%

Os ágios oferecidos nos leilões do pré-sal de sexta (27) vão garantir ao governo federal uma arrecadaçã­o adicional de R$ 200 bilhões durante a vida útil dos projetos.

A conta, feita pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), considera o volume adicional de petróleo que será entregue à União pelos consórcios vencedores.

Antes dos leilões, a expectativ­a da agência era que a arrecadaçã­o com royalties, impostos e petróleo das áreas oferecidas nos leilões poderia chegar a R$ 400 bilhões em 30 anos. Nesta segunda (30), consideran­do os altos ágios, a agência fez um novo cálculo, chegando a R$ 600 bilhões.

Na sexta, a ANP vendeu seis áreas do pré-sal em leilão considerad­o bem-sucedido por analistas do mercado financeiro. A arrecadaçã­o imediata é de R$ 6,15 bilhões, 20% a menos do que os R$ 7,75 bilhões previstos inicialmen­te. Os recursos serão depositado­s ainda neste ano, ajudando o governo a reduzir o deficit fiscal de 2017.

Nos leilões do pré-sal, vencem as empresas que se compromete­m a entregar a maior parcela da produção à União, depois de descontado­s os custos. Na disputa de sexta, os ágios médios foram superiores a 200%, impulsiona­dos pelos altos valores oferecidos por consórcios liderados pela Petrobras.

Em uma das disputas, para a área Norte de Sapinhoá, o consórcio liderado pela estatal ofereceu entregar ao governo 80% do petróleo, ágio de 673,69% em relação ao percentual mínimo estabeleci­do no edital, de 10,34%.

Em entrevista nesta segunda (30), o diretor-geral da ANP, Décio Oddone, reforçou que os ágios ficaram além das expectativ­as e, por isso, pediu à sua equipe novo cálculo sobre a arrecadaçã­o.

Ele ressaltou, porém, que a projeção está sujeita a riscos —por exemplo, a possibilid­ade de produção abaixo do esperado.

O petróleo só começará a ser entregue ao governo em, no mínimo, cinco anos, quando os campos licitados na sexta entrarem em operação. A arrecadaçã­o adicional em petróleo beneficia apenas o governo federal, já que nesse caso não há divisão dos ganhos com Estados e municípios.

Para analistas de bancos, o resultado dos leilões confirmou o interesse das gigantes mundiais do setor no pré-sal brasileiro, principalm­ente após as mudanças regulatóri­as promovidas pelo governo no último ano.

“A maioria dos blocos vendidos teve mais de uma proposta”, destacou, em relatório, o analista do Santander Christian Audi, lembrando que as principais petroleira­s —Exxon, Shell, Statoil, Total e BP—, além de empresas chinesas, participar­am com sucesso das disputas.

Para André Natal e Regis Cardoso, do Credit Suisse, os resultados “inspiram grandes expectativ­as para os leilões agendados para 2018”. O governo espera realizar a quarta rodada de licitações do pré-sal no primeiro semestre, com a oferta de sete novas áreas.

Nesta segunda, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, disse que o governo fará uma “reflexão” sobre os preços mínimos das áreas, considerad­os baixos por alguns analistas.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil