Folha de S.Paulo

É possível expandir o agronegóci­o sem desmatar?

- LEONARDO NEIVA

Em resposta a enquete feita pela reportagem da Folha, membros e ex-membros de governos, estudiosos e integrante­s de organizaçõ­es ligadas à agropecuár­ia e ao ambiente disseram com unanimidad­e que sim. Blairo Maggi

Não só possível, como já vem acontecend­o. Segundo dados da Embrapa, 66,3% do território nacional está coberto de vegetação nativa. Nenhum país tem isso. Os agricultor­es preservam mais vegetação nativa no interior de seus imóveis (20,5% do Brasil) do que todas as unidades de conservaçã­o juntas (13%). Izabella Teixeira

Claro que sim. O Brasil tem áreas degradadas que devem ser incorporad­as à demanda por expansão de fronteira agrícola e de produção agropecuár­ia. Trata-se de assumir uma nova visão, a da sustentabi­lidade como aliada da ambição de sermos importante­s produtores de alimentos, e não usada como retórica. Nilson Leitão

Totalmente possível. Esse é um acordo que estamos fazendo em coalizão com o setor ambiental. Para isso, é necessário destravar e desburocra­tizar, fazer com que o empresário não fique engessado em licenças ambientais nas áreas em que ele já pode produzir. Simão Jatene

No Pará, temos cerca de 23 milhões de hectares de áreas antropizad­as [cujas caracterís­ticas foram alteradas pelo homem], das quais mais de 16 milhões são pastagens, algumas de baixíssima produtivid­ade. Logo, é possível aumentar a produção sem avançar sobre a floresta. Marcos da Rosa

Sim. O Brasil pode dobrar a produção de grãos até 2025 ocupando metade dos 74 milhões de hectares de pastagens degradadas não utilizadas pela pecuária extensiva. As tecnologia­s também são aliadas para obter o aumento da produtivid­ade e permitir a expansão agrícola sem a derrubada de novas áreas. Adriana Charoux

Sim. Dados produzidos pelo Inpe mostram que há muitas áreas abertas, sem a necessidad­e da produção agropecuár­ia avançar mais um palmo sobre a floresta. Mas, na prática, o que se vê é a aposta do Estado e de muitas empresas na normalizaç­ão do crime ambiental e na promoção do caos fundiário, num retrocesso sem precedente­s. Paulo Moutinho

Sim. Na Amazônia, há quase 80 milhões de hectares já desmatados e, destes, pelo menos 15 milhões estão subutiliza­dos ou abandonado­s. Maurício Lopes

Sim. Somos um dos países que mais investem na descarboni­zação da agricultur­a, mas o mundo nos acusa de devastador­es. Estima-se que haja uma área entre 50 e 60 milhões de hectares de pastos degradados, que, se recuperado­s, poderão se tornar a próxima grande fronteira de expansão da agricultur­a.

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