Gigantes da internet investem no esporte
Empresas como Amazon, Twitter e Facebook entram no mercado de transmissão on-line de eventos esportivos
Empresas de mídia e ligas esportivas buscam ocupar espaço nas redes sociais com transmissão ao vivo de partidas
No final de setembro, a Amazon exibiu para seus assinantes em 200 países pela primeira vez um jogo da NFL, liga profissional de futebol americano. A audiência atingiu 370 mil pessoas.
A entrada da sexta empresa mais valiosa do mundo, segundo a revista “Forbes”, no mercado de transmissão online de eventos esportivos ao vivo mostra o quanto esse mercado pode ser lucrativo.
O negócio de streaming, como é conhecido este tipo de transmissão, é efervescente, já movimenta bilhões de dólares e está cheio de novos atores, a Amazon é um deles.
Como onde há dinheiro há interessados, os grandes conglomerados de mídia têm destinado investimentos maciços para se inserir na cena.
Não são, porém, os únicos. Federações internacionais e as próprias ligas têm despejado muito dinheiro para distribuir conteúdo on-line.
Se os valores de contrato ainda são inferiores aos comercializados com as TVs, a tendência é que haja uma equiparação no médio prazo.
A Amazon, por exemplo, negociou com a NFL a compra dos direitos para transmitir dez partidas de quinta-feira durante a temporada regu- lar em 2017 —os valores do acerto não são divulgados.
Em 2016, a liga norte-americana, que é a mais rica do mundo, havia concedido o direito de transmissão on-line ao Twitter. No primeiro jogo transmitido, a plataforma registrou que 2,1 milhões de espectadores viram ao menos três segundos do evento.
Embora na TV o índice de visualização do mesmo duelo tenha sido 40 vezes maior, é um consenso que streaming representa o futuro.
“Para a empresa, a conclusão natural é que é preciso apostar no streaming”, disse Pitter Rodriguez, diretor de Parcerias de Esportes do Twitter para a América Latina.
Além da NFL, o Twitter já transmitiu jogos de parceiros como WNBA, MLB (liga de beisebol), PGA Tour (circuito americano de golfe) e Wimbledon, entre outros.
“O streaming é parte fundamental da nossa estratégia”, afirmou Rodrigues. “A nossa ideia é complementar a interação do público com a transmissão”, completa.
Diferentemente da Amazon, por ora o Twitter não pretende cobrar pelo serviço.
Outra plataforma digital, o Facebook, também está atento ao mercado de transmissões on-line. No Brasil, até um amistoso da seleção de futebol foi transmitido por ele em janeiro. O vídeo teve mais de seis milhões de visualizações, segundo a empresa.
A estratégia do Facebook no Brasil é fazer parcerias com as organizações de mídia ou outras corporações que tenham conteúdo esportivo para oferecer. Por enquanto, Esporte Interativo - EI Plus > eiplus.com.br > R$ 14,99 (por mês, plano mensal) ou R$ 9,90 (por mês, plano anual) SporTV - SporTV Play > Para assinantes do canal de TV fechada > globosatplay.globo. com/sportv TWITTER > Golfe, basquete, futebol e NFL (programas e reportagens) > Acesso gratuito > twitter.com AMAZON-PRIMEVIDEO > NFL (jogos), filmes e seriados > R$ 7,90 por mês nos primeiros 3 meses, depois R$ 14,90 por mês > primevideo.com a rede social não paga nada pelos direitos de transmissão, mas oferece a possibilidade de obtenção de receita com anunciantes. TERRA DE GIGANTES Em 2018, a Liga dos Campeões deve ser distribuída via internet pela Turner para os EUA. O grupo, que é dono dos canais Esporte Interativo, também comercializa o torneio no Brasil. O serviço é dado mediante assinatura.
No final do ano, a expectativa na Inglaterra é que gigantes digitais, como Amazon e Facebook, entrem no leilão para compra dos direitos de transmissão do Inglês até a temporada de 2019.
O mesmo expediente tem aparecido em outros esportes como críquete, tênis, surfe e diversos esportes olímpicos.
“É um caminho sem volta. Não é algo para o futuro. Está acontecendo. As transmissões ao vivo por plataformas digitais vão mudar o mercado”, diz Pedro Daniel, especialista em negócios do esporte da consultoria BDO.
Se de um lado as chamadas empresas essencialmente digitais estão se posicionando no campo de jogo, os canais de televisão também decidiram enfrentar este novo universo que se abre.
A ESPN lançou a sua plataforma de streaming (Watch ESPN) há alguns anos e a define como um complemento para sua programação.
“É um produto importantíssimo, que já se tornou uma realidade. E não acontece canibalismo. o consumo digital é totalmente complementar à TV. Há estudos que comprovam isso”, disse André Quadra, diretor sênior de marketing da ESPN Internacional.
Para Pedro Trengrouse, coordenador acadêmico do curso de Gestão, Marketing e Direito no Esporte da Fundação Getúlio Vargas , a migração do dinheiro da televisão para a internet é inevitável.
Na avaliação do especialista, no caso do Brasil, os clubes de futebol, muito dependentes dos recursos dos direitos de televisão, são os que mais precisam ficar atentos ao novo mercado.
“A TV não vai ter mais tanto dinheiro. Os custos de produção e transmissão de eventos esportivos ao vivo estão caindo. Isso facilita a todos”, afirmou o acadêmico.