Miller abdicou de investimentos após polêmica da JBS
DE BRASÍLIA
O ex-procurador da República Marcello Miller deixou de realizar investimentos no banco Original depois de ter seu nome envolvido nas polêmicas da colaboração premiada da JBS.
O Original faz parte do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, que assinaram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Em e-mails que a Folha teve acesso, que estão na CPI da JBS no Congresso, Miller conversa rotineiramente com corretores para ter orientações das melhores opções para investimentos.
Em uma das trocas de mensagem, em agosto, sua mulher lhe encaminha um recado de uma consultora afirmando que um dos investimentos da família estava vencendo. Manda como sugestão letras de crédito no banco Original.
Miller responde em seguida: “Não, bonitona. O banco Original é da J&F. Sugiro abrir conta na XP e ver com o Zé”.
O ex-procurador é suspeito de ter atuado na delação da JBS quando ainda não tinha deixado o cargo no Ministério Público.
A CPI pediu a quebra do sigilo bancário de Miller.
Em um e-mail em julho, logo após anunciar sua saída do escritório em que trabalhou por apenas cerca de 120 dias, o ex-procurador faz referência a um dinheiro que entraria em sua conta, bimestralmente, nos próximos 18 meses: R$ 1,6 milhão.
Em depoimento na PGR (Procuradoria-Geral da República), Miller afirmou que acertou um valor de R$ 1 milhão para se afastar.